Vitor Hugo Pontes encena a angústia de não se poder reescrever a história em "Drama"

| Norte
Porto Canal com Lusa

Guimarães, Braga, 05 fev (Lusa) - O retrato da dor e angústia de seis personagens que tentam reescrever a história, sem conseguirem fugir ao que já está escrito, dão corpo a "Drama", uma "dança das emoções", nova coreografia de Vitor Hugo Pontes.

Nesta criação, que vai abrir a edição de 2018 do GuiDance, Festival de Dança Contemporânea de Guimarães, o coreógrafo continua a pesquisa que começou com "Se Alguma Vez Precisares da Minha Vida, Vem e Toma-a", tentando responder à eterna questão "onde nasce o ato criativo", partindo de outras como a realidade imitar (ou não) a ficção, ou se a ficção cria a realidade.

Em "Drama", um trabalho laboratorial, Vitor Hugo Pontes "tira as palavras" da peça do dramaturgo italiano Luigi Pirandello "Seis Personagens à Procura de Um Autor", e lança-se ele próprio na construção que uma peça que é teatro, é dança mas também não é nem teatro nem dança.

"É uma dança-teatro, um teatro-dança ou é uma dança das emoções, de personagens. Na dança contemporânea estamos habituados a ver uma dança dos intérpretes, aqui estão a interpretar uma personagem; está escrito, os intérpretes têm de respeitar aquelas características, por muito que a vontade não fosse aquela, têm de respeitar o guião", explicou o autor, à margem de um ensaio de "Drama".

É aquela rigidez do guião, o destino já traçado e a impossibilidade de fugir dele que criam o sofrimento nas seis personagens que invadem o palco para que alguém, um qualquer Autor, conte as histórias deles, mas como eles queriam que tivesse sido.

"Está a decorrer um ensaio de teatro que é interrompido porque chegam seis personagens que estão à procura de um autor, de alguém que encene o drama deles e que eles acham que é extremamente importante", descreveu Vitor Hugo Pontes.

"Uns querem reconstruir a história, outros querem acrescentar uns capítulos novos, porque não aconteceu e gostavam que tivesse acontecido. As seis personagens chegam aqui com intuitos diferentes, como se fosse possível reescrever uma história ou acrescentar novas camadas ou novos olhares", explica.

Mas mesmo querendo reescrever-se, nenhuma das personagens está, em si, totalmente finalizada: "Os personagens são extremamente exagerados, têm uma fisicalidade muito própria e codificada, híper expressiva, como se estivessem à procura do corpo ideal para fazer aquele personagem, ele ainda não está construído", aponta o autor da história em palco, da história dos seis interpretes e da dos outros cujo ensaio é interrompido.

Mas pode a história rescrever-se em palco? "Não. Eles [a história e as personagens] não podem ser reescritos porque estão escritos daquela forma. Por muito que eles tentem, eles não conseguem e essa é uma angústia", responde Vitor Hugo Pontes.

"Mas é isso que eles vêm aqui tentar: mudar o rumo da história deles", salienta. E com a frustração, ou por causa da frustração, as personagens falam por expressões de dor, gritos mudos, que, se não fossem mudos, seriam abafados pelo som do piano em palco, manipulado por Joana Gama com a música original criada por Rui Lima e Sérgio Martins.

"Drama" estreia-se na quinta-feira, às 21:30, no palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor, dando início ao GuiDance, que decorre até 17 de fevereiro e que este ano tem Vitor Hugo Pontes como coreógrafo em destaque.

Além de "Drama", Vitor Hugo Pontes leva novamente à cena "Fuga sem Fim" (dia 13), que também estreou em Guimarães, em 2011.

JYCR // MAG

Lusa/Fim

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