Setor da madeira, cortiça e papel dominado por microempresas, mas são as grandes que mais faturam

| Economia
Porto Canal com Lusa

Redação, 12 jan (Lusa) -- Mais de 80% das empresas dos setores da madeira, cortiça e papel em Portugal são microempresas, mas as unidades de grande dimensão agregam cerca de metade do volume de negócios, segundo dados de 2016 hoje divulgados pelo BdP.

De acordo com a análise feita pelo Banco de Portugal (BdP) à situação económica e financeira daquele setor entre 2012 e 2016, no final deste ano 81% das 7.600 empresas existentes (2% das empresas em Portugal) eram microempresas, mas as grandes empresas (0,4%) agregavam 49% do volume de negócios.

Já as pequenas e médias empresas (PME) eram mais relevantes quando considerado o número de pessoas ao serviço, com 58% do total do setor.

Em 2016, mais de metade do volume de negócios dos setores da madeira, da cortiça e do papel era gerado por empresas com sede nos distritos de Aveiro (23%), Coimbra (16%) e Porto (14%), assumindo estas atividades maior relevância nos distritos de Coimbra e Castelo Branco, onde representavam 17% e 11% do volume de negócios das empresas que aí tinham sede, respetivamente.

Em conjunto, as empresas da madeira, cortiça e papel agregavam 3% do volume de negócios e do número de pessoas ao serviço das empresas em Portugal.

O número de empresas em atividade nestes setores diminuiu 0,5% em 2016 (aumento de 0,6% no total das empresas), sendo que por cada dez empresas que cessaram atividade, foram criadas nove novas unidades (11 no total das empresas).

Segundo o BdP, "esta situação contrasta com a verificada nos três anos anteriores, em que os setores em análise apresentaram rácios de natalidade/mortalidade superiores a um".

O segmento da madeira e mobiliário agregava a maioria das empresas e dos trabalhadores ao serviço dos setores em análise (57% e 59%, respetivamente), mas o segmento do papel (6% das empresas) era responsável pela maior parcela do volume de negócios (43%).

Em 2016, 11% das empresas dos setores em análise eram exportadoras, gerando estas metade (51%) do volume de negócios destes segmentos de atividade e absorvendo 46% das empresas ao serviço.

Nesse ano, 35% do volume de negócios destes setores tinha origem no mercado externo (menos 1 ponto percentual do que em 2015).

O BdP reporta ainda que o volume de negócios dos setores da madeira, cortiça e papel aumentou 0,6% em 2016 face a 2015 (aumento de 2% no total das empresas), "um aumento inferior ao observado nos anos anteriores", tendo este crescimento da faturação sido "determinado pelos contributos positivos" da madeira e mobiliário (0,8 pontos percentuais, associados a um crescimento de 2% do respetivo volume de negócios) e da cortiça (0,2 pontos percentuais, associados a um crescimento de 1% do respetivo volume de negócios).

Já o contributo do papel foi negativo, com uma redução de 0,5% da faturação.

Em 2016, um quarto das empresas destes setores apresentava EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) negativo, uma parcela ainda assim inferior à observada no total das empresas (32%) e menor em 10 pontos percentuais à observada em 2012.

O segmento do papel continuou a apresentar a rendibilidade mais elevada (20%), seguido dos segmentos da cortiça (13%), da madeira e mobiliário (6%) e da silvicultura (4%). Por classes de dimensão, a rendibilidade das grandes empresas (2%) era superior às das PME e das microempresas (5% e 4%, respetivamente).

No que se refere à autonomia financeira dos setores da madeira, cortiça e papel, foi superior à do total das empresas, com a respetiva dívida remunerada a representar 56% do passivo e o rácio de autonomia financeira a situar-se nos 42% (32% no total das empresas), menos 1 ponto percentual do que em 2012.

No entanto, nota o BdP, a autonomia financeira de metade das empresas dos setores em análise era, em 2016, igual ou inferior a 2%.

No final do primeiro semestre de 2017 encontrava-se em incumprimento 13,4% do crédito concedido aos setores da madeira, cortiça e papel (15% no total das empresas), menos 0,3 pontos percentuais do que no final de 2016.

PD // ATR

Lusa/fim

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