Estivadores portugueses cancelam greve para navios desviados de Espanha
Porto Canal com Lusa
Redação, 17 mar (Lusa) -- O Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL) cancelou o pré-aviso de greve relativo aos navios e cargas desviados de Espanha que tinha emitido em solidariedade com os colegas espanhóis e que começaria na segunda-feira.
"Em função dos desenvolvimentos na luta dos nossos companheiros em Espanha, cuja unidade e combatividade conseguiram travar as intenções do seu Governo de aprovar uma lei que visava destruir a totalidade dos seus postos de trabalho, avançando na liberalização do trabalho dos estivadores, cancelámos o pré-aviso de greve aos navios e cargas desviados de Espanha, manobra desenhada com a clara intenção de tentar fragilizar os efeitos das greves decretadas pelos nossos companheiros estivadores do país vizinho", refere o sindicato em comunicado.
Para o SEAL, "esta foi uma vitória extremamente importante numa batalha decisiva no quadro da defesa dos valores de um modelo de trabalho com condições laborais e sociais dignas nos portos" e que terá "impacto no futuro de luta dos trabalhadores de todo o mundo".
O pré-aviso de greve agora cancelado abrangia o período entre as 08:00 do dia 20 de março e as 08:00 do dia 03 de abril e tinha sido emitido para os portos de Lisboa, Setúbal, Sines, Figueira da Foz, Leixões, Caniçal (Madeira) e Praia da Vitória (Açores).
O cancelamento da iniciativa acontece na sequência da desconvocação da greve do setor em Espanha após o parlamento espanhol ter chumbado, na quinta-feira, a proposta do Governo para liberalizar as condições de trabalho de estiva nos portos.
No comunicado hoje emitido, os estivadores portugueses apontam como "determinante para isolar o Governo espanhol" a "unidade interna de todos os estivadores, homens ou mulheres, mais novos ou mais velhos, com vínculos permanentes ou precários, independentemente da cidade portuária, do país ou do continente em que trabalham".
Desta forma, dizem, foi restabelecida "a base para as negociações entre os parceiros sociais do setor", onde garantem que "continuará o braço de ferro para salvaguardar os direitos dos trabalhadores portuários e o futuro da estiva".
Assegurando que em Portugal "nunca a paz social" esteve "em causa", o sindicato diz que desde o pré-aviso de greve que emitiu os estivadores "sempre" operaram, "mesmo em período de greve, todos os navios e respetivas cargas que habitualmente escalam os portos portugueses".
No entanto, sustenta, os estivadores manter-se-ão "firmes e intransigentes" na recusa de "todo e qualquer canibalismo laboral" e na garantia de que "a solidariedade com a luta de outros estivadores e estivadoras não tem fronteiras".
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