Presidente veta decreto do Governo sobre acesso a informação bancária

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 30 set (Lusa) - O Presidente da República vetou hoje o decreto do Governo que obriga os bancos a informar a Autoridade Tributária sobre as contas bancárias de residentes em território nacional com saldo superior a 50 mil euros.

Esta decisão de Marcelo Rebelo de Sousa foi divulgada na página da Presidência da República na Internet.

O decreto-lei hoje vetado foi aprovado em Conselho de Ministros a 08 de setembro, mas o seu articulado não foi divulgado, e deu entrada em Belém na sexta-feira passada, dia 23.

O diploma implementa um acordo com os Estados Unidos e transpõe legislação comunitária sobre troca automática de informações financeiras de não residentes, mas o Governo decidiu estender essas regras aos residentes em território nacional, portugueses ou estrangeiros.

Em agosto, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) apreciou um anteprojeto do Governo sobre esta matéria e entendeu que havia "restrição desnecessária e excessiva dos direitos fundamentais à proteção de dados pessoais e à reserva da vida privada, em violação clara do n.º 2 do artigo 18.º da Constituição da República Portuguesa".

Esta norma da Constituição determina que "a lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos".

Por outro lado, a CNPD considerou que a legislação sobre matéria deve passar pela Assembleia da República: "A forma de decreto-lei não será suficiente para regular restrições e condicionamentos de direitos, liberdades e garantias, aqui especificamente direito à proteção de dados pessoais e à reserva da vida privada".

O Ministério das Finanças prometeu acolher a generalidade das sugestões no documento final.

A 25 de agosto, em visita a São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se por o Governo não ter apresentado nessa altura nenhum diploma que desse à Autoridade Tributária "de forma indiscriminada" acesso aos saldos de contas bancárias dos contribuintes.

"Falou-se nisso, eu de repente ao ver tantas notícias cheguei a ficar apreensivo que a questão se colocasse porque se colocasse da minha parte não teria acolhimento algum", avisou, na altura. "Mas felizmente não se coloca, isso é uma boa notícia", acrescentou.

Numa nota divulgada após o Conselho de Ministros de 08 de setembro, o Ministério das Finanças salientava que tinham sido acatadas as recomendações da CNPD "no sentido de vedar o acesso por terceiros, qualquer que seja a sua natureza jurídica aos dados detidos pela Autoridade Tributária".

IEL (RCR) // ZO

Lusa/fim

+ notícias: Política

Governo responde a Marcelo. "Não está em causa nenhum processo" para reparação do passado colonial

O Governo afirmou este sábado que “não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com o propósito” de reparação pelo passado colonial português e defendeu que se pautará “pela mesma linha” de executivos anteriores.

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".