Diretor executivo do FMI para Portugal mais otimista do que missão técnica
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 22 set (Lusa) - O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal, Carlo Cottarelli, considera que o relatório da missão técnica do FMI "não reconhece totalmente" o progresso alcançado quanto às reformas estruturais e desvaloriza a agenda nesta matéria.
O FMI publicou hoje o relatório final relativo à quarta missão de monitorização pós-programa e ao artigo IV, tendo a equipa liderada por Subir Lall recomendado que são precisas "medidas adicionais" para cumprir o défice deste ano e pedido ainda mais 900 milhões de euros de austeridade em 2017, advertindo que 2018 também será um ano de consolidação. Além disso, o Fundo recomenda reformas estruturais profundas, nomeadamente no mercado de trabalho, na função pública e no setor energético.
Como habitualmente, este relatório é acompanhado por uma análise feita pelo diretor executivo do FMI para Portugal, Carlo Cottarelli, que considera que os esforços do Governo socialista de António Costa não estão a ser devidamente reconhecidos pela equipa de Subir Lall.
"Várias reformas estruturais, claramente apresentadas no Programa Nacional de Reformas, estão atualmente a ser implementadas, o que reforça o ímpeto reformista. A avaliação feita pelo Fundo não reconhece totalmente este progresso, desvalorizando a agenda atual de reformas estruturais", escreve Cottarelli.
Outro aspeto que o diretor do FMI para Portugal critica, nas missões pós-programa e do artigo IV, é o facto de o relatório técnico não dar o devido valor à estabilidade política existente no país.
Sublinhando que o Orçamento do Estado para 2016, o Programa de Estabilidade 2016-2020 e o Programa Nacional de Reformas foram aprovados pelo parlamento e aceites pela Comissão Europeia, Cottarelli afirma que "o relatório desconsidera o valor da estabilidade política num ambiente sociopolítico em que prevalece um sentimento eurocético fraco".
Para Cottarelli, tanto o Programa de Estabilidade como o Programa Nacional de Reformas "são importantes para construir a confiança e a estabilidade, beneficiando as decisões de investimento", considerando que "a ênfase do Fundo na instabilidade não se justifica".
A missão liderada por Subir Lall admite que podem surgir "surpresas negativas", nomeadamente um "período renovado de instabilidade política entre os partidos políticos que sustentam o Governo no parlamento ou com a Comissão Europeia".
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