A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou hoje o Governo PSD/CDS-PP pelos cortes no acesso ao ensino artístico e recordou que o problema começou quando o PS decidiu que este passava a ser financiado pelo POPH.
Catarina Martins começou o dia de pré-campanha associando-se à manifestação que hoje decorre em frente ao Ministério da Educação contra os cortes em escolas privadas especializadas no ensino artístico, considerando "verdadeiramente inaceitável" que o Governo tenha decidido, "quando as turmas já estavam feitas e os alunos inscritos, cortar o financiamento do ensino da música para metade", tendo os pais recebido cartas a dizer que os "filhos não iam ter acesso ao ensino da música na escola pública gratuito".
"Não menos preocupante é o problema dos professores que, de um momento para o outro, ficam sem trabalho, quando as turmas já estavam feitas e, de repente, percebem que afinal este ano não vão dar aulas", alertou.
De acordo com a porta-voz do BE, "este problema foi iniciado ainda no PS, quando decidiram que o ensino da música passava a ser financiado pelo POPH [Programa Operacional Potencial Humano] e saía do Orçamento do Estado", considerando que esta medida "era uma aldrabice para desorçamentar, que iria custar caro".
"E está à vista que custou caro. Claro que quem está a cortar agora é o PSD/CDS", disse Catarina Martins, acrescentando que é "Nuno Crato que, com o maior cinismo, diz que não corta porque mantém no orçamento do Estado, tentando esconder que a maior parte do orçamento vinha do POPH e desta vez para este quadro comunitário já não veio o dinheiro".
Para Catarina Martins, "o Ministério, que podia ter preparado esta situação, não acautelou e esperou o início do ano letivo para dizer a estudantes e a professores que, afinal, não iam ter o ensino da música".
"Isto é um completo desrespeito por cada um dos estudantes, pela ideia da escola pública e é uma forma de promoção do ensino privado. Porque só quem tem dinheiro para pagar é que pode ter ensino da música", disse.
Para a cabeça de lista do BE pelo círculo do Porto, "é tão absurdo ter posto o ensino articulado da música em formação profissional, como era ridículo se fizessem isso com o português ou a matemática".
"Esta lógica de que a escola não é um todo mas é algo que pode estar sempre sobre ataque, sobre reinvenção permanente, é destrutivo da própria democracia", concluiu.