A agricultura e o mar são "caminhos sustentáveis" para o crescimento do país - ministra
Porto Canal / Agências
Lisboa, 29 out (Lusa) -- A ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, garantiu hoje que a agricultura e o mar são, em Portugal, caminhos para um crescimento económico sustentável.
"Acredito de forma muito profunda que a agricultura e o mar são caminhos para um crescimento sustentável no país", afirmou a ministra na 6.ª edição dos Green Project Awards Portugal, que decorre no auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa.
Assunção Cristas referiu também que se fala muito de crescimento verde, onde a agricultura e a floresta têm lugar, mas destacou que a economia azul "é outro conceito que vai começando a ganhar corpo" e que está ligado às atividades económicas sustentáveis no mar.
"Nós estamos numa altura muito boa para termos este tipo de visão, pois a economia portuguesa está a sofrer uma transformação e uma mudança e há também uma alteração no financiamento", disse a ministra, realçando que acredita que os bancos ao verem os novos projetos nestas novas áreas "vão olhar para as questões da sustentabilidade".
"É uma oportunidade para Portugal [a aposta nestes setores] pois permite que o país se revele na cena internacional e para se afirmar como um país mais verde e mais azul", realçou, lembrando que "não quer um país tristonho" ao nível da agricultura, mas voltado para um desenvolvimento sustentável, com novos oportunidades de negócio e criação de emprego.
João Machado, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), por sua vez, considerou que Portugal tinha uma economia "completamente invertida e que achámos, depois da adesão à União Europeia e, sobretudo depois da adesão ao euro, que deixávamos de produzir tudo e vivíamos bem na mesma. Mas, agora, de repente, pensou-se que o setor primário era outra vez importante".
"É de facto muito importante. A agricultura além de ser o setor mais primário de todos é também o mais transacionável, porque aquilo que a gente produz pode vender", salientou.
Segundo João Machado, "a agricultura tem crescido, tem demonstrado que isso é possível quando há estabilidade governativa e quando há políticas que têm lógica e sustentabilidade. As exportações duplicaram, o défice orçamental diminuiu em mais 500 milhões de euros em 2012, a economia decresceu 3,2%, mas a agricultura cresceu 2,8%".
"Apesar dos juros, entre 8% a 9%, que a agricultura paga ao setor financeiro, é um setor que cresce e mais emprego cria, mas deveria estar a pagar juros mais baratos", lamentou.
Para o presidente da CAP "a lógica das finanças não é a lógica da economia e, por isso, temos de dizer que temos problemas com o sistema bancário e temos dificuldades".
"A agricultura está a cumprir a sua obrigação, está investir como nunca se investiu e nos últimos tempos investiu mais de mil milhões de euros por ano e nos últimos cinco anos investimos 6 mil milhões de euros, mesmo com os juros a este preço, só que alguns políticos deram menos importância a este investimento do que ao alocado a grandes projetos como o transporte de alta velocidade", lamentou.
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