Hospital de Braga pagou 165 mil euros à família da vítima da fototerapia
Porto Canal
O Hospital de Braga pagou, através da sua companhia de seguros, uma indemnização de 165 mil euros à família da mulher que morreu após ali ter sido submetida a um tratamento de fototerapia, disse à Lusa um advogado do processo.
Segundo Severino Santos, advogado da família da vítima, o acordo foi conseguido "com alguma facilidade" e o hospital disponibilizou-se "imediatamente" para facultar acompanhamento a vários níveis, incluindo psiquiátrico, ao marido e aos filhos da vítima.
Com este acordo, o hospital evita ir a julgamento.
A Lusa contactou a administração, que se limitou a assegurar que neste momento "não existe entre o Hospital de Braga e a família qualquer litígio", escusando-se a fazer qualquer outro comentário sobre o assunto.
O Ministério Público (MP) acusou de homicídio negligente a enfermeira do Hospital de Braga responsável por um "erro de programação" do equipamento de fototerapia, de que resultou a morte de uma paciente de 61 anos.
"O MP considerou indiciado que, por força de um erro de programação do equipamento, a paciente foi exposta a radiação diversa da que tinha sido prescrita pelo médico assistente, e por tempo superior, o que lhe provocou queimaduras em cerca de 40 por cento da sua superfície corporal, de que viria a resultar a sua morte", refere uma nota publicada na página da Procuradoria-Geral Distrital do Porto.
A nota acrescenta que o processo se encontra presentemente em fase de instrução, requerida pela arguida.
A paciente morreu em outubro, depois de ter sido submetida a um excesso de radiações no Hospital de Braga, onde há sete anos fazia fototerapia, para tratar um problema de pele.
Após mais uma sessão de tratamento, a doente começou a queixar-se de que se sentia muito quente, apresentando o corpo coberto de bolhas.
Segundo fonte da família, a doente terá sido submetida a radiações durante 20 minutos, quando o tempo correto seria apenas de cinco.
Regressou ao Hospital de Braga e foi imediatamente transferida para a Unidade de Queimados do Hospital de S. João, no Porto, onde acabaria por morrer.
O Hospital de Braga assumiu, logo na altura, "erro humano" na programação do equipamento e anunciou que, atendendo à gravidade do sucedido, a comissão executiva desencadeou "de imediato" um processo de identificação de medidas suplementares para obstar a ocorrência de novos erros.
Concretamente, foi instalada "sinalética colorida" naquela câmara.
A enfermeira, de 57 anos, foi alvo de um processo disciplinar, mas a administração do hospital não quis revelar qual foi o desfecho.
Adiantou apenas que a enfermeira requereu entretanto a aposentação, "que lhe foi concedida".