Secretário-geral do Eixo Atlântico reclama unidade de emergências transfronteiriça
Porto Canal com Lusa
Redação, 11 ago (Lusa) -- O secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, defendeu hoje a urgente criação de uma unidade coordenadora de emergências transfronteiriça, proposta desde 2013 à Comissão Luso-Espanhola pela Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET).
Em declarações à Lusa, Xoan Mao destacou que a criação de uma unidade coordenadora de emergências permitiria uma interação ágil e eficaz de todos os efetivos da proteção civil de ambos os lados da fronteira - autorizando o atravessamento da fronteira para atuar no território vizinho -, em situações de emergência, como em incêndios, que assolam nos últimos dias a região Norte de Portugal, bem como a Galiza, em Espanha.
"Que as cimeiras luso-espanholas sirvam para algo", frisou, apelando à Comissão Luso-Espanhola para a Cooperação Transfronteiriça, órgão intergovernamental no qual estão representados os governos de Portugal e Espanha, que "tenha o bom senso" de dar atenção à criação desta unidade, para que assim "os pedidos da fronteira sejam debatidos" nas cimeiras luso-espanholas.
Segundo Xoan Mao, o Eixo Atlântico, enquadrado na RIET, remeteu à Comissão Luso-Espanhola nos últimos três anos um documento com uma série de propostas a discutir na Cimeira, uma das principais era a criação desta unidade coordenadora das emergências na fronteira Portugal-Espanha.
Com a criação desta unidade, seria possível "duplicar recursos, que num primeiro minuto de emergências podiam ser solicitados", vincou, apontando como muito útil para o combate aos incêndios, por exemplo, a rápida intervenção da Unidade Militar de Emergências de Espanha.
"Há neste momento presidentes de câmaras espanholas que estão a enviar bombeiros e meios para Portugal por amizade, assumindo riscos e custos, porque não têm cobertura legal para isso", disse, mas "isto não pode ser assim".
Segundo Xoan Mao, esta unidade "teria tido muito sucesso aquando da queda da ponte de Castelo de Paiva", em março de 2001, no distrito de Aveiro, por exemplo, tendo em conta o sistema de salvamento para a frota pesqueira que existe na Galiza.
Nessa ocasião, o responsável foi contactado pelo diretor deste sistema de salvamento a disponibilizar os helicópteros galegos a Portugal, contudo, entre contactos para o Porto, do Porto para Lisboa e de Lisboa para Madrid, "quando [os helicópteros] estavam disponíveis já os corpos estavam a aparecer na Galiza", recordou.
Para Xoan Mao, os atuais responsáveis da Comissão Luso-Espanhola para a Cooperação Transfronteiriça são "uns perfeitos incompetentes, são uns burocratas de Lisboa e de Madrid", que "não percebem nada da realidade da fronteira e apenas percebem bem de burocracia dentro dos escritórios".
O responsável sublinhou como "a cooperação transfronteiriça está a funcionar bem" com a comissão conjunta de polícias que existe em Tui, Espanha, onde as quatro forças de segurança, duas portuguesas e duas espanholas, "partilham a mesma sala de emergências", sem custos adicionais.
para esta nova unidade, disse, seria necessário ter "alguém com poder, com competências sobre as forças da proteção civil, desde o exército aos bombeiros, para que, em caso de um sinistro, incêndio, catástrofe ou outra, rapidamente fosse pedida a intervenção das forças dos dois países".
O secretário-geral do Eixo Atlântico disse ainda que a criação desta unidade foi abordada recentemente com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e que, já em junho de 2015, aquando do encontro dos líderes socialistas de Portugal e de Espanha, António Costa e Pedro Sanchez, respetivamente, foi assinado um documento em que os dois se comprometeram a aumentar a coordenação ao nível da proteção civil, "tendo por base propostas do RIET".
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