Câmara de Aveiro discorda do Governo sobre a ligação ferroviária a Salamanca
Porto Canal com Lusa
Aveiro, 06 abr (Lusa) -- A Câmara de Aveiro aprovou hoje, por unanimidade, uma tomada de posição exortando o governo a desenvolver um traçado novo para a Ligação Ferroviária a Salamanca, onde a Linha da Beira Alta tem limitações técnicas.
A decisão tomada pelo executivo foi no sentido de subscrever o parecer do conselho intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) sobre o "Plano de Investimentos em Infraestruturas / Ferrovia 2020", apresentado pelo Governo a 12 de fevereiro.
"A competitividade da ligação ferroviária Aveiro/Salamanca, o seu contributo para a redução dos custos de logística das empresas, a rentabilidade desse importante investimento público, têm de ser os critérios essenciais" e a opção do Governo Português e da Comissão Europeia "não pode ser tomada pelo mais barato", observou o conselho da CIRA.
No documento, exorta-se o Governo Português a qualificar a Linha da Beira Alta, mas desenvolvendo um traçado novo, "onde tecnicamente se exige, sem as inultrapassáveis limitações técnicas de várias zonas" daquela Linha.
A Câmara de Aveiro reforça a sua posição com as considerações feitas pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes (ADFERSIT), que criticou o Governo por optar por modernizar a Linha da Beira Alta, em vez de construir uma nova via em bitola europeia, "única associação com capacidade técnica para se pronunciar" segundo o presidente da Câmara, Ribau Esteves. Em causa está a decisão de modernizar a Linha da Beira Alta (a que se junta um troço Aveiro-Mangualde) face à alternativa de uma linha nova em via dupla e bitola europeia, que para aquela associação é "a única opção que permite transporte direto e competitivo para os mercados europeus no Corredor Aveiro-Salamanca".
"A ADFERSIT tem alertado para os efeitos negativos desta opção para a competitividade da economia portuguesa, pois a linha da Beira Alta não tem capacidade para servir as necessidades futuras da economia portuguesa no comércio com a União Europeia, por duas razões: ser em via única em grande parte do trajeto e na sua continuação em Espanha, e não haver nenhum plano calendarizado e acordado com Espanha para o seu funcionamento em bitola europeia", sustentou aquela associação.
Além da maioria PSD/CDS, os vereadores do movimento Juntos por Aveiro e do PS votaram a favor da posição pública, com o socialista Eduardo Feio a salientar que uma nova linha "interessa a Aveiro, mas também a Viseu e à Guarda e à economia do país" e a defender que "o foco tem de ser o tráfego de mercadorias que é quase todo feito por via rodoviária", acreditando que o processo "terá ainda uma fase de maturação".
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Lusa / Fim