Especialistas mundiais em Lisboa para criar consórcio sobre cancro hereditário

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 03 nov (Lusa) -- Especialistas mundiais em cancro genético vão juntar-se em Lisboa para criar um consórcio que permita combater de forma mais eficaz o cancro hereditário, que pode afetar pessoas em idades precoces e de forma mais agressiva.

A Evita -- Associação de Apoio a Portadores de Alterações nos Genes Relacionados com Cancro Hereditário pretende, com este congresso europeu, que decorre quinta-feira em Lisboa, mudar o panorama da mortalidade das doenças oncológicas hereditárias.

Segundo disse à agência Lusa a fundadora da Associação, Tamara Milagre, todos os anos morrem mais de 20 mil e surgem cerca de 40 mil novos casos de cancro, sendo o hereditário responsável por 5 a 10% dos casos.

O debate vai centrar-se na investigação e nas soluções para minimizar o impacto da mutação dos genes BRCA, mutação associada ao cancro da mama e do ovário e também ao cancro da próstata.

Tamara Milagre lembra a importância do caso da atriz Angelina Jolie (que se submeteu à remoção de ovários e peito) para a divulgação da mutação BRCA, mas frisa que é necessário juntar os investigadores nacionais e internacionais para "dar passos concretos".

Em pessoas com história familiar de cancros da mama ou ovários pode ser indicado o rastreio genético para esta mutação e, em alguns casos, pode estar indicada a remoção de ovários e mamas de forma preventiva.

Em primeiro lugar, a presidente da Associação Evita defende que é necessário recolher dados concretos e reais sobre o cancro hereditário, já que em Portugal nem se conhece ao certo o número de mulheres que realizaram rastreios genéticos ou que se submeteram a cirurgias preventivas.

O consórcio de investigadores será ainda fundamental para encontrar novas formas de prevenir o aparecimento dos casos de cancro hereditário.

Atualmente, além da cirurgia preventiva, pode fazer-se vigilância apertada e tomar medicação de "quimo-prevenção", mas Tamara Milagre acredita que, a nível genético, os investigadores consigam, em conjunto, encontrar outras soluções preventivas.

A história da fundadora da Associação Evita cruzou-se com a mutação do BRCA quando, em 2008, enquanto enfermeira num hospital, seguiu de perto uma grávida de 27 anos que descobriu um tumor na mama que a levou à morte dois anos depois.

"Depois deste caso, e tendo eu história familiar, fui à geneticista, fiz o teste e deu positivo", contou à Lusa, acrescentando que se submeteu primeiro à remoção dos seios e depois à dos ovários.

Contar e conhecer casos reais concretos pode ajudar muito à consciencialização sobre a mutação do BRCA, defende Tamara Milagre, recordando outra vez o caso de Angelina Jolie: "levantou uma grande onda de preocupação nas pessoas e fomos inundados com perguntas, tendo ajudado a descobrir casos reais. Foi uma onda quase de histeria, mas já passou".

No congresso de quinta-feira vão estar especialistas da Alemanha, do Canadá, Polónia e Reino Unido, além de investigadores portugueses dos institutos portugueses de oncologia, do Instituto de Medicina Molecular, da Univesidade do Algarve, da Fundação Champalimaud, da Direção-geral da Saúde, bem como representantes do setor farmacêutico.

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