Sérvia declara-se incapaz de gerir fluxo de migrantes

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Porto Canal com Lusa

Praga, 15 set (Lusa) -- A Sérvia declarou-se hoje incapaz de gerir o fluxo de migrantes retidos no seu território após o encerramento da fronteira pelo Governo húngaro, apelando à União Europeia (UE) para solucionar esta crise sem precedentes.

"É uma grave crise para a UE que deve geri-la com seriedade e com um plano claro", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros sérvio, Ivica Dacic, à imprensa em Praga.

"A ideia de enviar para a Sérvia todos os migrantes, enquanto outros não cessam de chegar da Grécia e da Macedónia, é inaceitável porque nos tornaremos em seguida um centro das chegadas", disse Dacic, no final de um encontro com o seu homólogo checo, Lubomir Zaoralek.

"Adoraríamos fazer parte da solução do problema, mas não em nosso prejuízo", insistiu, antes de sublinhar que a Sérvia "não consegue gerir isto".

Membro da UE e do espaço Schengen, a Hungria, que construiu um controverso muro com arame farpado ao longo de 175 quilómetros da sua fronteira com a Sérvia, encerrou hoje o principal ponto de entrada no seu país.

A Hungria é, tal como a Sérvia, um país de trânsito para aqueles que querem chegar à Alemanha, e adotou uma legislação restritiva para impedir claramente a entrada de novos candidatos a asilo no seu território.

"Vimos 140.000 migrantes atravessarem a Sérvia. Só 550 deles pediram asilo no nosso país, ao passo que todos os outros desejavam dirigir-se para a Europa Ocidental", constatou Dacic.

O chefe da diplomacia sérvio acrescentou que o seu país acolhe já centenas de milhares de refugiados da Croácia e do Kosovo, uma herança dos conflitos nos Balcãs.

Por sua vez, o ministro sérvio encarregado dos refugiados, Aleksandar Vulin, instou hoje a Hungria a reabrir a sua fronteira aos migrantes do Médio Oriente, encerrada na noite de hoje por Budapeste.

"Exorto a Hungria a abrir a sua fronteira aos migrantes. Pelo menos, às mulheres e às crianças", declarou à agência de notícias francesa AFP no posto fronteiriço de Horgos, onde uma centena de migrantes esperava.

ANC // VM

Lusa/Fim

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