Manoel de Oliveira: "O maior cineasta português de todos os tempos" - Miguel Gomes
Porto Canal / Agências
Paris, 02 abr (Lusa) - O realizador Miguel Gomes declarou que Manoel de Oliveira, hoje falecido, no Porto, aos 106 anos, era "o maior cineasta português de todos os tempos, a par de João César Monteiro".
Numa mensagem enviada por correio eletrónico a partir de Paris, Miguel Gomes tece vários elogios ao cineasta, e chama-lhe mestre: "Se eu e os meus colegas hoje em dia temos oportunidade de filmar, devemo-lo em grande medida ao génio e à tenacidade do Mestre Manoel de Oliveira".
"A sua longevidade fascinava-nos a todos, mas não nos deve impedir de reconhecer, neste momento, a verdadeira singularidade, aquela que poderemos reencontrar nos seus filmes. Aí foi sempre fiel a pulsões e obsessões", descreve o realizador de "Tabu" (2012), distinguido com o prémio inovação (Prémio Alfred Bauer) e o prémio da crítica, no Festival Internacional de Cinema de Berlim, no mesmo ano.
"Foi acrónica e gloriosamente romântico, pudicamente perverso, alternou candura e ironia até ficarmos sem conseguir distinguir uma e outra. Filmou radicalmente a materialidade das coisas -- dos cenários de papelão do teatro à integralidade do texto num romance -- para que o cinema se pudesse aproximar de uma verdade: a da evidência", acrescenta o realizador.
Manoel Cândido Pinto de Oliveira, nascido a 11 de dezembro de 1908, no Porto, era o mais velho realizador do mundo em atividade.
O último filme do cineasta foi a curta-metragem "O velho do Restelo", "uma reflexão sobre a Humanidade", estreada em dezembro passado, por ocasião do 106.º aniversário.
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