Trinta mil lampreias subiram o Mondego em dois anos pela nova escada em Coimbra

| País
Porto Canal / Agências

Coimbra, 24 fev (Lusa) -- Mais de 30 mil lampreias subiram o rio Mondego, em 2013 e 2014, através da nova escada de peixes de Coimbra, que permitiu ainda a passagem de pelo menos dois milhões de peixes diversos nesse período, segundo dados oficiais.

Em 2013, uma equipa da Universidade de Évora responsável pela monitorização daquele equipamento registou a passagem de 8.333 lampreias, número que aumentou para cerca de 22 mil exemplares em 2014.

Reivindicação antiga das populações ribeirinhas, autarquias e associações, incluindo a Confraria da Lampreia de Penacova, apoiada por diferentes partidos, a passagem de peixes foi construída junto ao açude-ponte, na margem esquerda do rio, tendo começado a funcionar em 2011.

Nos últimos dois anos, "o maior número de passagens de lampreia-marinha ocorreu nos meses de março, abril e maio", disse à agência Lusa o investigador Pedro Raposo de Almeida, da Universidade de Évora e do Centro de Ciências do Mar e Ambiente (MARE), organismo que reúne seis universidades e apoia o trabalho de monitorização.

Investimento de 3,5 milhões de euros, a nova escada "foi uma medida importante" para a recuperação das populações piscícolas, ao permitir o acesso a um troço do rio com cerca de 31 quilómetros, entre Coimbra e Penacova, adiantou.

Nos anos 80 do século passado, o açude-ponte de Coimbra veio reforçar a regularização dos caudais, que a montante já era feita pela barragem da Aguieira, tendo igualmente desviado do centro de Coimbra trânsito que outrora atravessava a cidade.

Mas esta obra teve também impactos nefastos no ambiente: secou milhares de árvores na Mata do Choupal, ao baixar drasticamente o nível freático a jusante, e bloqueou a passagem da lampreia e de vários peixes, todos de reconhecido valor económico na região, como o sável, a savelha, a enguia, o barbo, a boga, a tainha e a truta.

"As barragens, açudes e outros obstáculos construídos nos rios e ribeiras portugueses interrompem a continuidade longitudinal dos cursos de água, afetando principalmente as espécies que migram entre o mar e o rio (diádromas)", para reprodução (anádromas) ou para crescimento (catádromas), disse Pedro Raposo de Almeida.

A passagem de peixes de Coimbra, gerida pela Agência Portuguesa do Ambiente, tem demonstrado "elevada eficácia e eficiência para as espécies alvo".

No caso das lampreias, o seu crescente afluxo é favorecido por "anos hídricos bons", como 2013 e 2014, e por uma espécie de "comunicação química" que as larvas (que permanecem quatro a cinco anos no rio) estabelecem há milhões de anos com os indivíduos adultos.

"As larvas libertam feromonas que indicam o caminho às lampreias adultas que estão no mar", explicou o biólogo, indicando que a suspensão das capturas na chamada época da lampreia, entre janeiro e abril, tem igualmente facilitado a subida dos ciclóstomos, já que os pescadores são obrigados a remover todas as redes que colocam no rio num período, que este ano é de cinco dias e decorre de 02 a 06 de março.

A equipa de Pedro Raposo de Almeida é ainda responsável pelo projeto "Reabilitação dos habitats de peixes diádromos na bacia hidrográfica do Mondego", financiado pelo Ministério da Agricultura e do Mar e pelo Fundo Europeu das Pescas, que envolve autarquias e outras entidades e contempla a realização de intervenções nos açudes do rio, entre Formoselha, em Montemor-o-Velho, e Penacova.

CSS // SSS

Lusa/Fim

+ notícias: País

Projeto sobre vítimas de exploração sexual tem resultados conhecidos esta segunda-feira

Os resultados do projeto “melhorar os sistemas de prevenção, assistência, proteção e (re)integração para vítimas de exploração sexual", com o objetivo de conhecer melhor a dimensão deste problema, vão ser esta segunda-feira apresentadas no Ministério da Administração Interna.

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".

Proteção Civil desconhece outras vítimas fora da lista das 64 de acordo com os critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) disse hoje desconhecer a existência de qualquer vítima, além das 64 confirmadas pelas autoridades, que encaixe nos critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro.