Países do antigo bloco de leste da zona euro não querem financiar Grécia
Porto Canal
Antigos países do bloco de leste que entraram na zona euro após reformas dolorosas e anos de austeridade mostraram pouco simpatia em relação à situação da Grécia, numa altura em que o Eurogrupo discute o futuro de Atenas.
O governo grego pediu na quinta-feira um pedido de extensão do acordo de assistência, analisado hoje na reunião dos ministros das Finanças da zona euro, em Bruxelas.
A Grécia está sob assistência financeira desde 2010 e recebeu dois empréstimos dos parceiros europeus e do Fundo Monetário Internacional no total de 240 mil milhões de euros em troca de duras medidas de austeridade.
O novo governo tem afirmado que foi mandatado para pôr fim à austeridade e para implementar o crescimento.
Numa entrevista ao Financial Times, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, excluiu qualquer ajuda suplementar do seu país à Grécia, acrescentando que acolhe com "calma" uma eventual saída de Atenas da zona euro.
"Ninguém na Europa quer dar dinheiro à Grécia", afirmou o chefe do governo eslovaco, acrescentando que seria "impossível explicar à opinião pública que a Eslováquia 'pobre' deve subsidiar a Grécia".
"Explicar às pessoas que devemos dar dinheiro aos gregos, com os seus salários e pensões? Impossível. Impossível", insistiu.
A Eslováquia, um país com 5,4 milhões de habitantes e membro da zona euro desde 2009, já tinha ameaçado em junho de 2012 pedir a saída da Grécia da zona euro se não fosse aplicado um plano de austeridade em troca da assistência financeira internacional.
Para a Estónia, um país com 1,3 milhões de habitantes, uma eventual saída da Grécia da zona euro teria fraco impacto na moeda europeia.
"A zona euro está mais estável e mais forte do que há cinco anos e a hipotética saída de um dos seus membros teria um fraco impacto", declarou a ministra das Finanças da Estónia, Maris Lauri, citada pela AFP.
A Estónia entrou na zona euro em 2011, antes da Letónia (que entrou em 2014) e da Lituânia (em janeiro de 2015). Os três países bálticos têm atualmente um crescimento económico de 3%.
A Letónia viu o seu Produto Interno Bruto (PIB) diminuir perto de 25% em 2008-2009. Foi alvo de uma intervenção da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) que incluiu reduções drásticas nas pensões e nos salários da função pública.
Segundo o ministro das Finanças letão, Janis Reirs, "a cooperação com a Grécia só pode ter por base o programa de assistência financeira existente, com condições claras".
Só "reformas estruturais profundas" podem salvar a Grécia, considerou, por sua vez, Andris Strazds, economista do banco central da Letónia, citado pela AFP.
O antigo chefe do governo lituano Andrius Kubilius, que perdeu 25% do seu salário em 2009, também defende como solução de austeridade.
"A política de austeridade foi o único remédio para nós e não vejo motivo para os gregos não a aplicarem", declarou à AFP, considerando que "o populismo" grego é perigoso para a Europa.