Batalha contesta revogação da Quinta da Várzea como imóvel de interesse público
Porto Canal / Agências
Batalha, Leiria, 12 jan (Lusa) -- A Câmara da Batalha anunciou hoje contestar a proposta de revogação do despacho que classifica como imóvel de interesse público a casa e capela de São Gonçalo, na Quinta da Várzea, propriedade do Seminário Diocesano de Leiria.
Numa nota de imprensa, aquele município do distrito de Leiria sustenta que "os imóveis e o local em causa, que pertenceram durante séculos ao convento dominicano, com profundas ligações ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória e, mais tarde, a partir de 1837, foram adquiridos por Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, assumem-se como espaços de memória que devem merecer da parte da tutela a devida classificação patrimonial".
Luís Mouzinho de Albuquerque (1792-1846) desempenhou cargos ministeriais e, de 1840 a 1843, "foi nomeado para dirigir as obras de restauro do Mosteiro da Batalha, onde esteve à frente dos trabalhos", segundo o sítio na Internet do monumento.
A contestação, dirigida à Direção Regional de Cultura do Centro, aponta ainda como elemento concreto a considerar "o facto de o principal edifício da quinta ser um dos raros solares que resta em toda a região centro do país", refere a autarquia.
Apesar de "não se saber com exatidão a data de construção do edifício, é um dos exemplares dos séculos XVII ou XVIII", explica a câmara.
"Já a capela de São Gonçalo (...) integra-se na arquitetura de uma época que rondará, segundo alguns historiadores, os séculos XVII/XVIII", adianta a autarquia.
Para o presidente da câmara, Paulo Batista Santos, a proposta de revogação "merece total discordância", defendendo que o edificado, cuja homologação de classificação ocorreu a 15 de março de 1985, "deve merecer da parte do proprietário do espaço, mas também da tutela, atenção redobrada, atendendo à dimensão simbólica mas também patrimonial que a quinta, a casa e capela ainda representam para a região e para o país".
Citado na nota de imprensa, Paulo Batista Santos lamenta o desaparecimento do processo original de classificação, circunstância que "não abona na credibilidade desta decisão, nem se afigura uma boa prática quando está em causa um assunto sério como a classificação do património nacional".
À Lusa, o autarca social-democrata disse esperar que "a tutela tenha em atenção a posição da câmara e que mantenha os pressupostos que levaram à proposta de classificação".
"Quero acreditar que não é pelo facto dos documentos que instruíram a classificação terem desaparecido que o património e a nossa história devam ser apagados", afirmou, assegurando que se o Estado mantiver esta intenção o município vai declarar interesse municipal.
O chefe de gabinete do bispo de Leiria-Fátima, Vítor Coutinho, informou que a diocese não se pronuncia sobre esta proposta, pois "trata-se de uma opção de caráter técnico e administrativo", garantindo que a instituição e o seminário zelarão, "dentro dos meios que estão ao seu alcance, pela conservação do património de que dispõe, contribuindo para a preservação da memória coletiva".
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