O candidato do Chega à Câmara do Porto, Miguel Corte-Real, acusou esta segunda-feira Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL) de estar a fazer uma campanha “exatamente igual” e “alinhada” à do Chega em matéria de segurança na cidade do Porto.

“Eu às vezes tenho de olhar para trás para ver se o Pedro Duarte não está atrás de mim, porque ele decidiu fazer uma campanha que é totalmente alinhada connosco. Eu acho que ele vai acabar a campanha a usar o seu segundo nome que é Miguel, porque ele decidiu fazer uma campanha exatamente igual a nós”, disse esta segunda-feira o candidato do Chega, em declarações à Lusa.

À margem de uma ação de rua na Freguesia de Cedofeita, Miguel Corte-Real assume que “existe muita demagogia na política” e que a “campanha de Pedro Duarte é a prova” dessa demagogia em matéria de segurança.

“Quando diz que criou um 'focus groups' (grupo focal ou uma pequena amostra de eleitores]. Eu tinha dito que deve ser por ter criado um 'focus groups' ou ter um ‘spin doctor’ que lhe diz: fala de segurança e ele ontem [domingo] confirmou. Ele disse 'falamos de segurança, porque o 'focus group' disse”.

Numa notícia publicada no sábado na rádio Observador, lê-se que Pedro Duarte, “enquanto social democrata promete tolerância zero no tema da segurança” e “ 'focus groups' na campanha apontaram preocupação do eleitorado”.

Corte-Real argumenta que fala da segurança, porque andou nas ruas do Porto a ouvir os problemas das pessoas e que essa é a grande diferença entre ele e Pedro Duarte.

“Nós falamos de segurança, porque sabemos os problemas das pessoas. Eu não ando na rua, porque sou candidato. Eu sou candidato, porque andei na rua e porque conheci os problemas. Esta é a grande diferença. E o Pedro Duarte não percebe isso. Pedro Duarte anda atrás dos votos, e como os votos, por norma, estão ao lado da razão, agora anda atrás dos votos e da razão. A razão que nós temos há muito tempo”.

Corte-Real considera que “ninguém acredita em imitações" e diz que o Chega é a “única força política” com capacidade para resolver “os problemas de segurança” e “de imigração".

Questionado pela Lusa sobre as últimas sondagens que dão empate técnico entre PS e a coligação PDS/CDS-PP/IL, colocando o Chega como a terceira força no Porto, o candidato fez uma “manifestação de desinteresse” nas sondagens e está convicto que o Chega vai “meter mais” do que os dois vereadores.

Corte-Real lembra que a cidade do Porto tem habituado a que as sondagens estejam sempre erradas.

“Foi assim em 2001, quando dizia que Fernando Gomes ia ganhar com uma grande maioria e Rui Rio ganhou e governou, e muito bem, a cidade durante 12 anos. Foi assim em 2013, quando diziam que Luís Filipe Menezes ia ganhar com uma grande maioria e que Rui Moreira era altamente improvável ganhar. E foi assim em 2017, quando a dois dias das eleições disseram que o Pizarro estava à frente de Rui Moreira, e acabou Rui Moreira com uma maioria absoluta”.

Corte-Real argumenta que o que interessa é o que os portuenses esperam alguém que os defenda.

“Estamos aqui só com o objetivo que é defender os portuense. Não queremos saber do sistema para nada”, assinalou.

Questionado sobre que partido apoiaria no caso de empate técnico, Corte-Real afirma que o Chega não vai mudar de convicções no futuro.

“As nossas convicções são estas (...) Quer no governo, quer na oposição (...). Não estamos disponíveis para defender as ideias dos outros”, disse.

"Com estas sondagens metemos dois vereadores, mas nós vamos meter mais. É a minha convicção”.

Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).

O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.

As eleições autárquicas estão marcadas para o próximo domingo.