Daniel Bessa favorável à antecipação do pagamento do empréstimo do FMI

| Economia
Porto Canal / Agências

Castelo de Vide, 04 set (Lusa) - O diretor-geral da Cotec Portugal, Daniel Bessa, mostrou-se hoje favorável à possibilidade de Portugal antecipar o pagamento do empréstimo do FMI, sublinhando que o país poderá ir buscar dinheiro aos mercados a taxas inferiores.

"Se Portugal está em condições de ir buscar dinheiro, sobretudo se for capaz de ir buscar mais barato e ao mesmo prazo, porque é que não há de reembolsar e porque é que o Eurogrupo vai agora criar agora alguma dificuldade nesse terreno? Eu até acharia que isso é bem vindo e, por mim, no lugar do Eurogrupo, acharia isso bem e não penalizaria", afirmou o antigo ministro socialista da Economia, em declarações aos jornalistas no final de uma 'aula' da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo.

Contudo, advertiu, apesar das taxas de juros terem descido muito e as condições de acesso de Portugal aos mercados terem melhorado "consideravelmente", os prazos provavelmente serão mais curtos.

"Não se veja nisso só vantagens", avisou.

De acordo com notícias avançadas nos últimos dias, o governo português estará a equacionar a hipótese de, à semelhança do que a Irlanda irá fazer na próxima semana na reunião do Eurogrupo, antecipar o pagamento ao FMI.

Nas declarações que fez aos jornalistas, Daniel Bessa reiterou ainda os elogios deixados durante a 'aula' ao antigo secretário-geral da CGTP-IN Manuel Carvalho da Silva confessando ser o político que mais o fascina, e apontou-o como "um candidato muito provável à Presidência da República".

Durante a 'aula', o antigo ministro socialista do primeiro Governo de António Guterres, onde durante seis meses se ocupou da pasta da Economia, falou precisamente sobre Economia, contrapondo a ideia de que o investimento estrangeiro ajudará a economia portuguesa a crescer.

"Dizer que precisamos de investimento estrangeiro é zero, não resolve coisa nenhuma", disse, considerando que as condições de atratividade de Portugal estão hoje "muito debilitadas".

"Não podemos construir para Portugal um cenário que assente no investimento estrangeiro", acrescentou.

Advogando a necessidade de construir "um cenário B" para uma hipótese de crescimento mais lenta, Daniel Bessa defendeu a aposta nas empresas nacionais e recusou a ideia de que o mar seja "um recurso".

"O mar não é um recurso (...) é um inerte", disse, defendendo que para que o mar seja considerando um recurso é preciso existir capacidade de o usar.

"Para ser um recurso para nós, temos de começar do princípio", referiu.

Daniel Bessa disse, assim, acreditar mais "em atividades, industriais ou serviços, com um nível tecnológico suficiente para poderem sobreviver não à base do preço", mas "à base da diferenciação e da sofisticação que permite vender coisas de maior qualidade por maior preço".

Como "nicho" que Portugal poderá aproveitar, o economista apontou a "grande área da velhice e da doença".

"Portugal tem condições únicas para ser um prestador de serviços de complexidade moderada na área da saúde e da doença a tudo o que é Europa e mercado europeu", defendeu.

VAM // SMA

Lusa/fim

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