Exposição "Liberdade! Liberdade! A Revolução no Teatro" chega esta quinta-feira ao Porto

Porto Canal / Agências
A exposição “Liberdade! Liberdade! A revolução no Teatro”, sobre o papel do teatro na transição do regime ditatorial para a democracia, vai ficar patente no Porto e em Setúbal, a partir desta quinta-feira, Dia Mundial do Teatro.
A mostra, inaugurada em julho do ano passado no âmbito do Festival de Almada, é uma iniciativa desenvolvida pelo Museu Nacional do Teatro e da Dança, tem curadoria de Nuno Costa Moura, e chegará a Palmela no dia 4 de abril, anunciou em comunicado a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, que apoia a iniciativa.
No Porto, "Liberdade! Liberdade! A Revolução no Teatro" fica patente no Clube Fenianos Portuenses até 25 de maio, e é acompanhada da estreia da peça “A Tecedeira que lia Zola”, do Teatro Experimental do Porto, com encenação e cocriação de Gonçalo Amorim, no CACE Cultural.
Em Setúbal, a mostra poderá ser vista até dia 31, no Fórum Municipal Luísa Todi, com a peça “Antecipando Abril”, de Rui Zink, pelo Teatro de Animação de Setúbal, com encenação de Carlos Curto.
Em Palmela, a exposição, que ficará no Cine-Teatro S. João, de 4 a 30 de abril, conjugar-se-á com uma outra, “madrugada”, inserida no projeto “liberaLinda” do Teatro o Bando, na Biblioteca Municipal até 26 de abril.
"Liberdade! Liberdade! A Revolução no Teatro" tem entrada livre e, segundo a Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril, demonstra o "papel de relevo na preservação e divulgação da memória cultural, artística e histórica do país”.
“Durante a ditadura, [o teatro] contribuiu para despertar consciências. Em liberdade, para a compreensão pelo público dos acontecimentos da Revolução e da transição democrática. 50 anos depois, quando evocamos o passado para debatemos o futuro, o seu contributo mantém-se imprescindível”, disse a comissária Maria Inácia Rezola, Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril, quando da inauguração da mostra, em Almada.
“Procurámos mostrar como o teatro foi modelado pela democracia e como os valores de Abril foram divulgados e fortalecidos através da criação teatral. Com a Liberdade, a cena portuguesa expandiu-se em termos de forma, conteúdo, território e públicos, mas também integrou no processo criativo o contexto político e social, traduzindo-o e comentando-o”, disse por seu lado, na altura, o curador da mostra, Nuno Costa Moura, anterior diretor do Museu Nacional do Teatro e da Dança.
Sem “a pretensão de esgotar a produção teatral deste período, e com a garantia de que muitas companhias e artistas ficaram por mencionar, assinalam-se criações que, pela sua importância estética, social ou política, ajudam a compreender, ainda que a traços largos, alguns caminhos que o teatro tomou e percursos criativos individuais e coletivos”, acrescentou.
A mostra aborda o período compreendido entre 1972 e 1982, desde a publicação da legislação que estabeleceu as bases para a atividade teatral, que vigorou após o 25 de Abril, até à primeira revisão constitucional.
O título da exposição, "Liberdade! Liberdade!", inspira-se num espetáculo homónimo que se estreou em Lisboa, em agosto de 1974, adaptado de um original brasileiro.
A peça é uma colagem de textos e canções sobre a necessidade de defender e consolidar a Liberdade, foi encenada por Luís de Lima, que também interpretou, com Maria do Céu Guerra e João Perry. O espetáculo teve direção musical de José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias.
A exposição enquadra-se numa iniciativa mais ampla da Comissão, que convidou dez companhias históricas de teatro históricas para apresentarem uma criação artística ou reposição que contribua para a consciência pública do papel que o teatro desempenhou na transição democrática.
As estruturas convidadas foram a Companhia de Teatro de Almada, A Barraca, O Bando, Centro Dramático de Évora, Comuna – Teatro de Pesquisa, Novo Grupo de Teatro – Teatro Aberto, Seiva Trupe – Teatro Vivo, Teatro de Animação de Setúbal, Teatro Experimental de Cascais e Teatro Experimental do Porto.
Os projetos foram avaliados pela Direção-Geral das Artes e serão executados até ao final do ano. A exposição percorrerá o país até abril de 2026.