Armazém dos Linhos renasce na Baixa do Porto em loja de uma cliente

Armazém dos Linhos renasce na Baixa do Porto em loja de uma cliente
| Porto
Catarina Cunha

O Armazém dos Linhos abriu, há uma semana, na Praça Filipa de Lencastre, na baixa do Porto, numa mini-loja pop-up, cedida por “uma cliente muito querida”. O espaço é provisório e estará de portas abertas até junho. O negócio histórico abandonou o edifício centenário na rua Passos Manuel, em dezembro transato, após cessão do contrato de arrendamento.

 

 
 
 
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O prédio que alberga o lar temporário do Armazém dos Linhos situa-se na Praça Filipa de Lencastre, junto ao Hotel Infante Sagres, e pertence à família de uma cliente “muito querida” desta marca centenária. Por não querer ver morrer mais um comércio tradicional no Porto, “a nossa cliente e os seus irmãos colocaram-nos à disposição esta loja”, algo que, inicialmente, “achávamos ser impossível por ser um espaço tão pequeno, mas que depois nos pareceu mais do que suficiente numa fase transitória. No fundo foi uma proposta muito amorosa e amiga”, assume ao Porto Canal Filipa Basto, uma das proprietárias, enquanto coloca um conjunto de tecidos coloridos numa estante, doada por conhecidos.

Embora os parcos metros quadrados e a sua antiguidade, a loja não necessitou de extensos arranjos para que pudesse abrir portas “Foi só pintar e instalar estantes”, afirma a proprietária.

Face ao tamanho do espaço, os materiais expostos foram ‘pensados a dedo’. “Não temos tudo, apenas a nossa essência”, o resto estará num armazém em Campanhã, que servirá de apoio logístico. “Por vezes recebemos muitas encomendas e o centro da cidade já está muito sobrecarregado, tornando [essa tarefa] um bocado difícil. [No armazém] vamos ter condições para esse tipo de atividades e para receber os clientes profissionais”, comenta a arquiteta de profissão, salientando que a infraestrutura encontra-se, neste momento, em obras de reabilitação, mas que deverá ficar pronta no próximo mês.

Apesar disso, durante o período de transição, as proprietárias do Armazém dos Linhos comprometem-se a “dar uma resposta aos clientes”. “Por exemplo, se uma cliente necessitar de um tecido que não está disponível em loja, enviamos pelo correio ou sugerimos passar num outro horário”, enaltece Filipa.

Negociações da nova casa

O balanço da primeira semana de trabalho na morada temporária é positivo e o futuro é encarado com alento. Mas, o número 103 da Praça Filipa de Lencastre só será o código-postal do Armazém dos Linhos até ao verão. Sem levantar o véu sobre o futuro código-postal, a empresária garante com entusiasmo ter “um espaço em vista” e assume permanecer na Baixa do Porto. “Não podemos ainda anunciar porque não temos tudo definido. Mas, é uma loja grande, portanto vai acolher tudo aquilo que nós tínhamos pensado e até mais”, conta.

“O edifício está no limite”

Neste momento, Filipa acredita que saíram da rua Passos Manuel na altura certa, atirando como justificação o elevado estado de degradação do prédio. “O edifício está no limite. Nos pisos de cima chovia como se estivéssemos a céu aberto. Não havendo obras por parte do senhorio, acho que não era possível estarmos ali mais um inverno. Nós estávamos ali de forma muito precária. ”, recorda.

Apesar das condições a que estavam sujeitos, a arquiteta confirma que “nunca estragamos material”, uma vez que “tínhamos desumidificadores sempre a funcionar e o armazém era organizado de forma a garantir que a mercadoria não se estragasse”.

Cessão do contrato de arrendamento

É de referir que o Armazém dos Linhos já esteve na corda-bamba em 2011. Neste ano, as responsáveis pela loja, Filipa e Leonor Basto, reergueram o negócio, em prol do comércio tradicional. Uma troca de senhorios em 2020 mudou o destino das arrendatárias e consequentemente daquele espaço histórico da cidade. O novo responsável não quis renovar o contrato de arrendamento e recusou a proposta de compra das duas irmãs. O processo ganhou contornos judiciais, mas nunca chegou a ser debatido numa sala de Tribunal.

Com o relógio sempre a contar, as empresárias não tiveram outra alternativa senão procurar uma nova morada no verão transato. “Foi uma fase dura, mas ao mesmo tempo gratificante, pois tivemos manifestações de afeto e carinho de clientes. Várias pessoas vieram ter connosco a tentar apresentar soluções, isso foi espetacular”, lembra Filipa, visivelmente emocionada.

A arquiteta não esquece as recordações vividas na última década na rua Passos Manuel, mas enaltece que a saída obrigou a que pensassem fora da caixa para o vindouro. “Estamos a ver se é possível adaptar todo o mobiliário antigo que retiramos e a preparar com muito carinho o que aí vem”, concluiu.

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