Vamos ao circo? Palhaços e acrobatas são tradição de Natal em Gondomar

Vamos ao circo? Palhaços e acrobatas são tradição de Natal em Gondomar
Pedro Benjamim | Porto Canal
| Norte
Catarina Cunha

O Super Circo está de regresso a Gondomar, desta vez com a edição de Natal, onde vai ficar até 5 de janeiro. Este ano, o espetáculo mergulha numa história onde um inventor cria uma máquina que pretende transformar o mundo num lugar melhor. O Porto Canal foi ver como a magia acontece antes da cortina abrir ao público.

 
 
 
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É na tenda principal do Super Circo que arranca o dia de Israel Moledo, proprietário da companhia há mais de 20 anos. Faltam duas horas para o espetáculo e ainda há muito por fazer.

De um lado para o outro, o animador de 51 anos acende as luzes, liga os aquecedores para ambientar a sala para os convidados, bebe o seu café matinal e cumprimenta os seus artistas pelo caminho. A rotina repete-se há décadas com o entusiasmo do primeiro dia.

Porto Canal

Israel Moledo prepara o seu café matinal antes dos convidados chegarem
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal

“Eu nasci no circo. Sou filho de pessoas que nasceram no circo. O meu avô teve um circo de grandes dimensões. Eu comecei há 22 anos e ao longo da vida fui construindo o negócio. O meu sonho era continuar com as raízes da minha família”, salienta entre mais um ‘sprint’.

A paixão e o respeito pela arte também foram valores transmitidos às suas três filhas que, atualmente, juntamente com os companheiros, auxiliam na logística do ‘show’ composto por 32 artistas nacionais e internacionais. Apesar de já ter ‘vestido muitas peles’, como por exemplo de palhaço e mágico, é no backstage que o profissional vê a magia a acontecer.

Trabalhar no circo é “um sonho de infância”

Hugo Silva, de 22 anos, é um dos animadores do Super Circo. Há três anos que trabalha para a mesma companhia, habitualmente como trapezista, mas, este ano, assume o papel de protagonista na edição de Natal, acompanhando o espetáculo do início ao fim.

Enquanto se maquilha na sua roulotte, comenta ao Porto Canal que a sua relação com esta arte começou em tenra idade quando via todos os espetáculos que passavam pela sua terra natal: Matosinhos. Depois de ter feito uma pequena formação no teatro musical, o jovem admite que, hoje em dia, encontra-se a “viver o seu sonho de infância ao trabalhar no circo”.

Neste mundo, admite que tudo lhe fascina: “viajar de cidade em cidade, conhecer as pessoas, a ansiedade de montar, o público a bater palmas e a essência do circo que são os palhaços e os acrobatas”. Transmite ainda que todos os participantes “são como uma família”. Quando as luzes se apagam, o rapaz trabalha com produção de eventos, algo que lhe acarreta mais estabilidade financeira.

3500 crianças assistem ao circo

Vários autocarros escolares param em frente à entrada da tenda principal do Super Circo. Sinal de que a sessão está quase a começar. Do interior dos veículos, saem dezenas de crianças, de sorriso rasgado, ansiosas por tirar uma fotografia com o Pai-Natal.

Durante a época festiva, cerca de 3.500 alunos dos estabelecimentos escolares de Rio Tinto vão poder assistir ao espetáculo circense, uma tradição disponibilizada pela Junta de Freguesia, e que perdura há alguns anos.

Antes das luzes apagarem, os alunos ocupam os lugares na plateia com ajuda dos respectivos professores. O tempo de espera é preenchido a cantar e a conversar com os seus amigos.

O circo começa com Israel Moledo, o gerente que ocupa o papel de moderador, a desejar as boas-vindas e a explicar o enredo, sem levantar o véu. O ‘show’ arranca com o número de malabarismo. Seguem-se, os truques com escadas; hule hoops; trapezismo e os momentos de comédia protagonizados pelo jovem palhaço. É de referir que no Super Circo os animais de quatro patas já não pisam o palco há nove anos.

Atrás da cortina vermelha

Enquanto a magia acontece em cima do palco, por detrás da grandiosa cortina vermelha, há um espaço sem luminosidade repleto de equipamentos e adereços. É lá que os artistas trocam de roupa, entre cenas, e relembram a sua performance, numa tentativa de enganar o ‘nervoso miudinho’. Naquele espaço, também é possível encontrar a equipa técnica de olhos postos em cada apresentação, caso seja preciso intervir. Os seus rostos mudam de expressão quando algo não corre de feição aos seus colegas de equipa.

Na hora do intervalo, enquanto os visitantes fazem fila para o WC, ou para a máquina do algodão-doce, veste-se o robe, que esconde a roupa de espetáculo, e aproveita-se para colocar a conversa em dia. Ainda há quem tenha tempo para consumar o vício de fumar. O descanso é interrompido quando se ouve: “O circo vai recomeçar, podem voltar aos seus lugares”. Os profissionais retomam as suas posições.

“O aplauso é muito gratificante”

O trapezista encerra a sessão da manhã do Super Circo. À tarde, outra ‘fornada’ de alunos vai assistir à exibição. Ainda com a fatiota vestida, Israel Moledo despede-se das crianças, que o acarinham com um abraço e uma palavra de apreço. “O aplauso é muito gratificante. É uma grande recompensa”, desabafa notoriamente emocionado.

Festejar o Natal no circo

Questionado sobre os planos para a sua quadra natalícia, o profissional esclarece que será “no circo”, tal como é habitual, onde reúne “a sua família” e a “do circo”.
Passada a época festiva, segue-se a desmontagem das estruturas, que demora em média dez dias.

Em seguida, a família Moledo ruma para outro destino do país, ainda por definir. Esta é uma vida com a casa às costas, de que já se foram habituando. “É uma azáfama, mas já estamos habituados”. O folêgo é recuperado nos meses de junho e julho, altura de menos movimento, devido ao término das aulas e aos Santos Populares.

Para a edição de Natal do próximo ano, o animador confessa que já existe um pré-alinhamento. “Já temos algumas ideias. Temos que fazer investimentos, por exemplo, vamos tentar modificar a sala. Temos que estar sempre a inovar e a melhorar os equipamentos porque o público está cada vez mais exigente e com razão”, realça, sublinhando a importância da contenção. “Já o meu avô dizia, temos que guardar o riso para a chora”, atira. A companhia permanece no parque de estacionamento do Parque Urbano de Fânzeres até ao dia 5 de janeiro com pelo menos dois espetáculos por dia.

Antes de ir almoçar e preparar-se para a sessão da tarde, Israel Moledo lembra ao Porto Canal que “o circo é um espetáculo sem classe etária” e realça a importância dos visitantes como forma de manter a máquina cultural viva e bem oleada.

 

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