Sindicato da PSP considera estranho e inusitado anúncio de 20 milhões para viaturas

Sindicato da PSP considera estranho e inusitado anúncio de 20 milhões para viaturas
Foto: Ana Francisca Gomes | Porto Canal
| País
Porto Canal/Agências

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) considera “estranho e até inusitado” o anúncio de 20 milhões de euros para a compra de viaturas e anuncia que vai entregar uma carta a Luís Montenegro com reivindicações.

O primeiro-ministro anunciou na quarta-feira que o Governo vai aprovar esta quinta-feira em Conselho de Ministros uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para a aquisição de mais de 600 veículos para PSP e GNR.

“Antes de mais dizer que o anúncio do primeiro-ministro soa estranho. Achamos até que foi inusitado. Não conseguimos alcançar ainda qual foi o objetivo de fazer uma comunicação ao país às 08 da noite em horário nobre para anunciar 20 milhões de euros para viaturas. Ainda estamos um pouco estupefactos com esta realidade”, disse à Lusa o presidente da ASPP/PSP.

De acordo com Paulo Santos, o primeiro-ministro tinha todo o direito de se dirigir aos portugueses para lhes dar a entender que está a ser feito alguma coisa, para dar a entender que o país é seguro.

“Mas ao mesmo tempo que diz isso, diz que é necessário investir na segurança todos os dias porque há fenómenos que estão a acontecer, o que é um pouco esquisito. Nós queremos é saber uma coisa: há efetivamente por parte do primeiro-ministro vontade politica para resolver os problemas? sim ou não? Se há, tem que reforçar o Ministério da Administração Interna, reforçar a senhora ministra e investir para resolver as questões que todos os dias têm sido agravadas pela falta de investimento e falta de reconhecimento pelo nosso trabalho”, sublinhou.

Por isso, diz Paulo Santos, o sindicato vai entregar esta quinta-feira uma carta na residência oficial do primeiro-ministro para pedir um maior envolvimento, disponibilidade e sensibilidade para um reforço necessário em termos políticos e orçamentais junto do Ministério da Administração Interna.

“Relativamente às declarações [do primeiro-ministro]: inusitado e não anunciou nada que nos venha tranquilizar. Não se percebe bem até a própria comunicação que fez ao país. Lembro que temos uma polícia envelhecida, que não tem atratividade, não tem candidatos, que tem dificuldades em formar polícias, esquadras desadequadas, não há capacidade operacional para responder a toda as exigências do serviço”, disse.

O presidente da ASPP afirmou ainda que estão a ser cortados direitos aos polícias.

“Não consigo perceber qual é o país, face a estes problemas que são graves e estruturais e presentes todos os dias nas esquadras, que o senhor ministro retratou, mas sei qual é o país real”, frisou.

Quanto aos 20 milhões de euros, Paulo Santos não sabe se é muito dinheiro, pois o que se tem assistido nos últimos anos é que há anúncios feitos pelo Governos que depois são concretizados a 50%.

“Não sei se vai ser isto [20 milhões de euros] que vai ser investido. Temos uma frota automóvel que não é apetrechada dignamente desde o Euro2004. Temos de ver se é muito em função daquilo que são as necessidades e o que vai ser executado. De anúncios está o mundo cheio”, concluiu.

No anúncio, feito no final de uma reunião com a ministra da Justiça, Rita Júdice, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, o diretor nacional da Polícia Judiciária, o comandante-geral da GNR, o diretor nacional da PSP e o secretário-geral adjunto do Sistema de Segurança Interna, Luís Montenegro disse que “Portugal é um dos países mais seguros do mundo, mas o contexto tem de ser trabalhado e alcançado todos os dias”.

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