Moradores da Maia manifestam-se contra construção de tanatório e acusam Câmara de ilegalidades

Moradores da Maia manifestam-se contra construção de tanatório e acusam Câmara de ilegalidades
| Norte
João Nogueira

Um grupo de moradores da zona do Xisto, em Vermoim, na cidade da Maia, está a contestar a construção de um tanatório naquela área, alegando que a Câmara está a violar o Plano Diretor Municipal (PDM), além de ignorar as preocupações da população. A obra, adjudicada em julho à empresa Servilusa, está prevista para uma área junto ao cemitério municipal, gerou grande controvérsia entre os residentes, que denunciam não ter sido consultados nem informados adequadamente sobre o projeto.

Segundo os moradores, o tanatório ficará demasiado próximo de mais de 100 habitações e afetará diretamente mais de 300 pessoas, com algumas casas a apenas 10 metros do local previsto para o equipamento. O grupo teme que a incineração de cadáveres liberte gases e partículas nocivas à saúde, colocando em risco a qualidade de vida na zona.

"A vida em Xisto nunca mais será a mesma"

O grupo alega que a vida na zona do Xisto "nunca mais será a mesma", com a realização diária de até seis funerais, como afirmou o responsável da Servilusa. "Estamos a falar de um equipamento que irá impactar diretamente o nosso quotidiano e a nossa saúde. Não nos opomos ao conceito de tanatórios, mas sim à sua localização, numa zona residencial tão densamente povoada", explicam num comunicado.

Além disso, os residentes acusam a Câmara da Maia de ter assinado um contrato de concessão com a Servilusa sem consultar a população ou disponibilizar qualquer tipo de informação pública. "A Câmara violou o PDM, colocando o tanatório numa área de Proteção Florestal e Habitação Coletiva", afirmam. O Porto Canal contactou a autarquia e encontra-se a aguardar resposta.

A indignação aumenta pela falta de resposta às várias reclamações enviadas pelos moradores durante a revisão do PDM, que terminou em setembro, e pela negativa em fornecer documentos públicos relacionados com o projeto, como o contrato, o estudo de impacto ambiental e o projeto arquitetónico.

A falta de transparência por parte da autarquia é outro ponto crítico. "Estamos a lutar pela saúde pública, pela cidadania e pela transparência. A Câmara tem o dever legal de nos fornecer os documentos relacionados com o projeto, mas até agora ignorou os nossos pedidos", reforçam.

Projeto de Souto Moura

 
 
 
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O projeto do tanatório, com um investimento de 13,5 milhões de euros, é da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura e será integralmente financiado pela concessionária, sem custos para o município. A obra está prevista para durar um ano, embora a empresa concessionária tenha manifestado a intenção de antecipar esse prazo.

O presidente da Câmara da Maia, António Silva Tiago, defendeu na altura da assinatura do contrato que o projeto é uma mais-valia para a cidade, destacando a qualidade arquitetónica e o impacto paisagístico da obra, que será realizada sem qualquer custo para o município.

Contudo, os moradores da zona do Xisto continuam a contestar a localização do tanatório e exigem uma revisão do projeto, apelando à população para apoiar a sua causa.

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