"O Estado deve compensar" se mortes tiverem relação com atrasos do INEM, diz Provedora da Justiça

"O Estado deve compensar" se mortes tiverem relação com atrasos do INEM, diz Provedora da Justiça
| País
Porto Canal/Agências

A provedora de Justiça considera urgente analisar o que está a correr mal no sistema de socorro e pede que se apure o que aconteceu quanto aos atrasos do INEM para que, se for o caso, o Estado pagar indemnizações.

Em entrevista à Antena 1, Maria Lúcia Amaral diz que se deve apurar em cada um dos casos o que realmente aconteceu para efeitos de responsabilização: “estas coisas não dependem das emoções do momento, dependem do que a lei diz”.

“O que a lei diz é que, se em cada caso, em processo em tribunal (…), se se chegar à conclusão que os pressupostos definidos pela lei estão cumpridos, então sim, nos termos da lei, o Estado deve compensar”, afirmou.

A provedora referia-se aos casos das mortes alegadamente relacionadas com os atrasos no socorro no período de greve dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, sobretudo no dia em que esta coincidiu com a greve na função pública, a 04 de novembro.

Lembrou os alertas deixados há duas semanas pela Liga dos Bombeiros sobre a dificuldade de articulação que têm com o INEM e os hospitais de destino dos utentes quando fazem transporte urgente de doentes e o “disfuncionamento do sistema” de socorro.

“O que a Liga nos pediu foi que tivéssemos presente o quão grave a situação poderia ser”, contou, dizendo que na altura, falou imediatamente com o Ministério da Saúde.

A provedora sublinhou ainda a necessidade de melhorar a articulação entre todas as entidades envolvidas no sistema de socorro.

“Ou a articulação entre todas as entidades melhora ou entramos a falhar e o Estado falha em situações absolutamente definitivas, em que está em causa a vida das pessoas”, referiu.

“As entidades envolvidas têm de se sentar à mesa, têm de conscientemente analisar por que motivo tudo está a funcionar tão mal e evitá-lo sob a égide de quem decide, que é o poder político governativo”, acrescentou.

Estas falhas no atendimento estão alegadamente associadas à morte de 11 pessoas. Esta situação já motivou a abertura de sete inquéritos no Ministério Público, um dos quais já arquivado. Há ainda um inquérito em curso da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

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