Câmara do Porto e STCP propõem uso provisório do canal do metrobus pela linha 203
Porto Canal / Agências
A Câmara do Porto e a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) sugeriram a utilização provisória do canal do metrobus da Avenida da Boavista pela linha 203 até à chegada dos autocarros a hidrogénio, consultou esta quinta-feira a Lusa.
De acordo com uma resposta do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, ao presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, a que a Lusa teve hoje acesso, o autarca pediu à STCP "para explorar a viabilidade de utilizar a infraestrutura rodoviária já concluída, através de uma operação transitória com os meios disponíveis".
"Isto incluiria também a utilização dos sistemas técnicos - como os de comunicação e priorização de veículos nas intersecções, e a informação ao público nas estações - que estarão brevemente operacionais, tendo pleno conhecimento que esta não será a versão final do sistema BRT (Bus Rapid Transit)", vulgo metrobus, refere Rui Moreira.
Porém, ressalva que "qualquer que seja a forma de mitigação, por parte da STCP, do problema causado pela inexistência de veículos, é crucial que se esclareça a população que esta solução é temporária e não configura uma operação de BRT (Bus Rapid Transit/Metrobus)".
"É imperativo sublinhar que nem o Município do Porto, nem a STCP, têm qualquer responsabilidade direta" no atraso da chegada dos veículos encomendados pela Metro do Porto, vinca.
No ofício enviado a Rui Moreira e remetido à Metro do Porto na quarta-feira, a presidente da STCP, Cristina Pimentel, refere que a linha 203 [Marquês - Castelo do Queijo] será "a mais adequada para poder utilizar o corredor central da Avenida da Boavista, a partir da Marechal Gomes da Costa até à Casa da Música/Rotunda da Boavista".
"Como vantagens para esta solução podemos desde já identificar o aproveitamento do potencial aumento de velocidade comercial que se perspetiva pelo facto de passarmos a dispor, no troço em causa, de um canal dedicado e exclusivo, com prioridade semafórica", refere a líder da STCP.
Porém, como desvantagens nesta possível operação da 203 haverá a perda de duas paragens no sentido Ida (António Cardoso e Foco) e três no sentido Volta (Marechal Gomes da Costa, Foco e António Cardoso).
A STCP precisa ainda de realizar "testes de inserção dos seus veículos (autocarros standard, 100% elétricos Zhongtong 2.ª série) através do corredor da Avenida da Boavista", e de integração dos sistemas de semaforização, que garantem a prioridade aos veículos, bem como de "todos os equipamentos de informação ao público" e a sua ligação com os da STCP.
Porém, a presidente da STCP não deixa de ressalvar, à partida, que "procurar encontrar uma solução provisória, com os recursos disponíveis à data, incapaz de oferecer as verdadeiras características de uma operação do tipo metrobus subjacentes ao investimento realizado afigura-se como uma solução que apenas irá contribuir para a desacreditação do novo sistema, do transporte público rodoviário em geral e do serviço prestado pela STCP em particular".
Já Rui Moreira insta a Metro do Porto a esclarecer a população "sobre a verdadeira situação decorrente dos constrangimentos na contratação pública [que levaram ao atraso na encomenda dos autocarros a hidrogénio], cujo processo de elaboração e tramitação é da inteira responsabilidade de V/Exa [Tiago Braga], sendo o município do Porto e a STCP totalmente alheios a esta questão".
O autarca reconhece que, "como sempre sucede com projetos inovadores, persiste alguma desconfiança da população relativamente a este novo modo de transporte", mas acredita que "o início da operação dissipará dúvidas e incertezas".
"Mas, para isso, é fundamental que não se tente iludir a realidade, persistindo sempre num discurso que, seguramente, só conviria aos detratores do projeto", remata.
O metrobus do Porto é um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império (obra quase concluída) e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.
Os veículos definitivos do serviço serão autocarros a hidrogénio semelhantes aos do Metro do Porto, e custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.