O dia 28 de agosto de 1994 foi um dos mais tristes da história do Futebol Clube do Porto. Às 6h30 da manhã desse domingo de Verão, as autoridades receberam o alerta de que um automóvel se havia despistado violentamente em Gândara. Quando os bombeiros chegaram ao local, o condutor de 26 anos já tinha perdido a vida. Era Rui Filipe.

 

 

 

Ver esta publicação no Instagram

 

 

 

Uma publicação partilhada por Porto Canal (@porto.canal)

O futebolista de indiscutível qualidade a quem todos auspiciavam um futuro promissor atravessava um excelente momento de forma, tinha acabado de assinar o primeiro golo do Penta - nas Antas contra o SC Braga - e de marcar ao Benfica na Luz. O cartão vermelho que vira na Supertaça impediu-o de defrontar o Beira-Mar e levou Bobby Robson a dispensá-lo do último treino antes da segunda jornada. O irmão fazia anos e Rui Filipe estava a regressar das comemorações quando se deu o acidente fatal.

A trágica notícia caiu como uma bomba no seio do plantel, que a recebeu na manhã de um jogo que as entidades recusaram adiar. Obrigados a entrar em campo no Estádio Mário Duarte, os Dragões choraram antes, durante e após os 90 minutos, mas fizeram das tripas coração e dedicaram a vitória ao companheiro de luta acabado de falecer. Rui Barros e Emerson marcaram os golos que ninguém festejou.

Rui Filipe nascera em Vale de Cambra a 8 de março de 1968, tinha começado a jogar futebol no clube da terra e passado a vestir as cores que o apaixonavam em 1984. Esteve três épocas emprestado ao Gil Vicente, duas ao SC Espinho e regressou a casa pela mão de Carlos Alberto Silva, treinador que lhe reconheceu potencial e o trouxe de volta às Antas.

O médio dos cabelos loiros distinguia-se pelo acerto no passe e pela qualidade do remate, era internacional português, chegou a vestir a camisola 10 e a conquistar três campeonatos, três Supertaças e uma Taça de Portugal ao serviço do FC Porto. Há precisamente 30 anos, em Aveiro, Bobby Robson falou em nome de todos os portistas e disse o que ainda hoje lhes vai na alma: “I'll never forget this sad, sad day”.