Um mês nos olhos do vereador que desenha o futuro do Porto

Um mês nos olhos do vereador que desenha o futuro do Porto
| Porto
Pedro Benjamim

Albino Pedro Pereira Baganha é arquiteto e está vereador da Câmara do Porto desde 2017. Aceitou o desafio ‘Olhar Descartável’ do Porto Canal. “Decidi que se calhar era interessante, até para memória futura, mostrar um bocadinho dos bastidores do meu quotidiano. Eu considero que estou a ter uma experiência de vida não muito comum. Estar vereador é, para além de ser transitório, um papel que nem todas as pessoas passarão por ele, certamente”, conta, sentado numa cadeira de uma sala de reuniões do pelouro que lidera.

 
 
 
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‘Olhar Descartável’ é um projeto do Porto Canal onde, através da entrega de máquinas fotográficas descartáveis às “gentes do Porto”, são recolhidas, guardadas e partilhadas as memórias de quem dá vida à cidade.

Pedro Baganha é arquiteto de formação e profissão. Antes de estar vereador fazia da fotografia o seu hobby. “Fazer uma fotografia é como fazer arquitetura, é definir limites. Onde é que termina a minha imagem, o que é que eu quero mostrar”, frisa.

Após receber a máquina descartável olhou para o desafio como um projeto. “A lógica era mais quase um abrir do véu sobre bastidores de uma atividade que é pública, mas que também tem uma parte que não é assim tão pública.”

Porto Canal 

Enquanto lidera o pelouro do Urbanismo e “durante um mês” levou uma máquina descartável pelos corredores, salas e gabinetes, mas também ao espaço público e obras, além de eventos decorrentes do cargo. “O que é que seria interessante para alguém que não faz a mínima ideia o que é um vereador do Urbanismo da Câmara do Porto faz ver. Por que salas é que anda, por que ambientes é que anda, o que é que vê. Eu tanto estou em salas de reunião, como estou na sala de trabalho dos serviços, como estou a visitar obras, como estou em cenários muito bonitos”, explica.

“Uma vez lembro-me que saí daqui às oito da noite, daqui do pelouro. Não estava aqui ninguém na sala de trabalho. Não sei se essa fotografia ficou com boa exposição, porque é de interior. A sala quando não tem ninguém é engraçada porque há ali uma latência, não está ali ninguém, mas uma pessoa quase que sente o burburinho das pessoas a trabalhar. É uma sala que quase ninguém conhece e é uma sala onde se tomam decisões importantes, foi naquela sala que se fez o Plano Diretor Municipal, por exemplo. O futuro da cidade é feito naquela sala e ninguém a conhece, ninguém a vê.”

O avançar da tecnologia faz compactar o equipamento que Pedro Baganha usa para fazer fotografia. “Eu normalmente uso o telemóvel para tirar fotografias, antes dos telemóveis tirarem fotografias boas usava máquinas como deve de ser - reflex”.

“Quando tenho a pulsão de fazer fotografia, pela fotografia, a lógica é tentar a beleza, é tentar a novidade, é tentar a originalidade”

 Porto Canal

Apesar de ter abraçado este projeto numa perspetiva documental, para o vereador a fotografia revela-se de outra forma. “Eu tenho uma relação com a fotografia, ou tinha uma relação com a fotografia quando a fazia de forma amadora que era: eu não estou muito preocupado com a veracidade documental daquilo que estou a fotografar. Eu não daria, por exemplo, para fotojornalista. O meu interesse é o produto final, o meu interesse é o resultado final da imagem, uma imagem que me interpele de alguma forma. Essa sempre foi a minha pulsão na fotografia. Eu hoje não tenho a paz de espírito nem o tempo para ter essa calma de chegar a casa, de descarregar as fotografias, abrir o photoshop, perceber o que é que esta fotografia pode ser”, conta ao Porto Canal.

Para Baganha os tempos da produção da imagem não passam apenas pelo disparo, prolongam-se - também no digital - àquilo que era a produção fotográfica no analógico, obrigando ao laboratório. “Eu divertia-me tanto a carregar no obturador como depois estar uma hora a ver o que é que aquela imagem pode resultar. Onde é que eu faço crop, qual é o ajuste de cor que faço, enfim, divertia-me imenso. Era o meu hobby.

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Essa foi uma lição aprendida com o pai, que fez fotografia profissional e era pintor de arte. “Ele tinha uma máquina fotográfica, era uma ‘Rollei’, daquelas que se olhava de cima com uma grande angular e ele andava muitas vezes com a máquina pendurada do pescoço e, volta e meia, via uma coisa e carregava no obturador, mas nem sequer espreitava. O que é que ele dizia: ‘Eu quero captar isto, depois faço a fotografia no laboratório, o enquadramento faço no laboratório.’”

Estar vereador “é uma vida de adrenalina”

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Pedro Baganha está vereador da Câmara do Porto desde 2017. No primeiro mandato esteve responsável pelos pelouros do Urbanismo e do Espaço Público e Património. No segundo, assumiu os pelouros do Urbanismo e Espaço Público e da Habitação.

“Para mim é um privilégio poder atuar a esta escala, ainda para mais na minha cidade, na cidade que eu mais gosto, na melhor cidade do mundo”, afirma ao Porto Canal.

Antes disso, entre 2013 e 2016, foi adjunto de Manuel Correia Fernandes, antigo detentor do cargo.

Liderar o pelouro, defende Barganha, “é uma vida muito variada, é uma vida muito intensa, é uma vida que às vezes começa às 9h30 ou às 9h00 e termina à 1h00 da manhã quando temos Assembleias Municipais, por exemplo”, frisa.

“É uma vida de adrenalina, a maior parte das vezes, mas é uma vida que é gratificante, no sentido em que, para um arquiteto ter a possibilidade de intervir diretamente no território é para isso que a gente se forma”, remata.

O regresso à fotografia, como hobby, voltará quando voltar a ter tempo. “Terei quando deixar de estar vereador”.

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