Suspeito de violência doméstica sobre companheira e filhos começa a ser julgado no Porto
Porto Canal / Agências
O Tribunal de São João Novo começou esta quarta-feira a julgar um homem de 35 anos acusado de violência doméstica sobre a agora ex-companheira e os dois filhos menores do casal, sendo que o arguido confessou “algumas partes” da acusação.
O homem, que se encontra em prisão preventiva desde dezembro de 2023, admitiu ter chamado “alguns nomes” à então companheira, por mensagem escrita, e confessou também ter “pregado um chuto e um empurrão no peito”, em dois episódios distintos, nos quais a vítima precisou de assistência hospitalar.
Segundo consta na acusação, o homem está a ser julgado por um crime de violência doméstica sobre a mãe dos dois filhos e um crime de violência doméstica sobre estes os dois filhos, de 6 e 8 anos, ocorridos em novembro de 2022 e abril de 2023, quando o casal residia junto em Vila Nova de Gaia.
“Dei-lhe um empurrão, sim, mas ela caiu porque pôs mal o pé e desequilibrou-se. Eu meti-lhe a mão ao peito porque ela queria sair de casa, já era de noite, era perigoso e meti-lhe a mão ao peito, ela caiu mal e magoou-se, mas eu pedi logo desculpa”, confessou, quando confrontado com um episódio passado em 2023.
O arguido admitiu também ter agredido a ex-companheira num outro episódio: “Dei-lhe um chuto no joelho, mas foi porque ela me atirou um objeto”.
“Não foi um pontapé, foi um chuto a dizer ‘estás-te a passar ou o quê’. Ela ficou pisada porque tem a pele sensível e fica logo marcada, mas depois eu pus-lhe pomada e ficou resolvido”, descreveu.
O arguido admitiu ainda ter mandado mensagens escritas à vítima, assistente no processo, nas quais chamava esta de “porca, vaca e maluca”, mas negou perseguir a ex-mulher: “Não, nem tenho explicação para ela dizer isso. Ia ter com ela para almoçar mas nunca a persegui nem andei a vigiar, por amor de Deus, nunca”.
Esta versão foi contrariada por uma ex-patroa da vítima: “Ela era uma rapariga calada, triste. Ele estava sempre a ligar-lhe, aparecia no salão, ficava aqui a rondar”.
A mãe da vítima, para a casa de quem a mulher foi viver depois de deixar a residência onde vivia com o arguido, contou, igualmente, que o homem “passava a vida a ligar” à filha e “não a deixava em paz”.
Uma terceira testemunha, uma militar da GNR, relatou um episódio no qual afastou o arguido “que estava muito exaltado” da ex-mulher, quando já vigorava a proibição dele se aproximar da vítima como medida de coação em virtude da queixa por violência doméstica apresentada pela mulher.
“Eu ia a passar com a minha filha e vi um indivíduo a agarrar uma criança, ali perto do El Corte Inglês, em Vila Nova de Gaia. A criança estava incomodada e eu abordei-o para o acalmar. Estava à civil, entretanto identifiquei-me, ele ainda me tratou mal, não queria largar o menino e acabei por acompanhar o menino e a mãe para uma salinha do Corte Inglês ate ele se acalmar”, explicou a militar.
Nas alegações finais, a procuradora do Ministério Publico pediu a condenação do arguido, que se encontra em prisão preventiva desde dezembro de 2023 e que já tem condenações por agressões em processos anteriores, referindo que se a pena a aplicar for suspensa deve ser acompanhada do regime probatório.
A leitura do acórdão ficou marcada para dia 10.