Metro até Vila d’Este é “mais um mito inaugurado”
João Nogueira
Foi dado mais um passo na mobilidade urbana em Vila Nova de Gaia, esta sexta-feira, com a inauguração da extensão da Linha Amarela até Vila d’Este. A cerimónia, que contou com a presença de ministros, presidentes e representantes, ficou marcada pelos discursos focados na importância de se cumprirem os prazos em investimentos de transportes públicos, mas também nos desafios que estes projetos representam.
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A nova estação Manuel Leão abriu esta sexta-feira para receber mais de uma centena de pessoas que participaram na inauguração, depois de uma viagem pelo troço da linha que contou com a presença de Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação, Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, Helena Pinheiro de Azevedo, Presidente da Comissão Diretiva do PO SEUR, e Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Área Metropolitana do Porto.
Quem passava pela zona de Santo Ovídio olhava para o novo viaduto e duvidava que ali se pudessem cruzar dois veículos do metro. A inauguração, aparentemente, não foi diferente de outras que já marcaram as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. Exemplo disso são as memórias da abertura das pontes Luís I e da Arrábida. “Havia muita gente presente para ver a ponte cair”, recordou Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Área Metropolitana do Porto.
E a extensão da Linha Amarela foi também a inauguração “de um novo mito”. “A obra esteve todo o tempo marcada pela dúvida se as carruagens passavam ao mesmo tempo, no viaduto”, discursou o também autarca da Câmara de Gaia.
O alarmismo não era fundamentado e foram feitas “centenas de ensaios” naquele troço que provaram o contrário, sublinhou Tiago Braga, presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, em tom irónico: “As composições podem absolutamente cruzar-se, nunca houve problema nenhum”.
Empreitada sofreu derrapagens
A extensão da Linha Amarela foi inicialmente pensada em 2017, mas a obra só arrancou em 2021. Com o passar do tempo, aumentaram as dúvidas do cumprimento de prazos da empreitada.
E os prazos efetivamente derraparam. A inauguração, que esteve inicialmente apontada para abril, aconteceu apenas esta sexta-feira. O motivo é simples, esclareceu Tiago Braga: "Houve a necessidade de respeitar um processo técnico longo de instalação de serviços e equipamentos. Embora tenha havido um prazo adicional face ao contratual, foi um esforço necessário para garantir a qualidade e segurança da operação."
Sobre a pressão para cumprir prazos, Braga afirmou: "Sinto-me sempre pressionado, mas pela necessidade dos cidadãos, que querem uma mudança modal para facilitar as suas vidas. Esta é a verdadeira pressão que sentimos na Metro do Porto, para responder aos anseios e expectativas de uma cidade-região mais inclusiva e sustentável"
“Quando se pinta a sala, come-se na cozinha”, reiterou Eduardo Vítor Rodrigues sobre os constrangimentos que surgem em obras de grande envergadura. O autarca aplaudiu mais uma etapa concluída para a mobilidade urbana e congratulou o trabalho corrente feito pela Área Metropolitana do Porto, convidando os ministros do Ambiente e das Infraestruturas, ambos presentes na cerimónia, para participarem numa reunião do órgão.
A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, salientou os desafios associados a obras como a da Linha Amarela e a da Linha Rosa, pela envergadura e os prazos associados serem curtos.
A extensão do traçado até Vila d’Este é “muito superior aos quilómetros”, referiu a mesma, associando o investimento a uma grande melhoria da qualidade de vida para os cerca de 17 mil moradores que dependiam do próprio carro.
Alinhado ao discurso da ministra, Miguel Pinto Luz, que gere a pasta do Ministério das Infraestruturas e Habitação, considerou “estúpido” se não fossem feitas apostas em projetos e investimentos de mobilidade pensados para 30 anos ou mais.
"Colocamos, acima de tudo, o interesse dos portugueses e a capacidade dos nossos concidadãos implementarem os seus projetos de felicidade", afirmou o governante com a tutela dos transportes, acrescentando que estão a ser dados passos para fazer da Área Metropolitana do Porto “a grande região Noroeste da Península Ibérica”.
O presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto revelou que a operação começará com 14 veículos por hora no horário de ponta, com uma rutura de frequência em Santo Ovídio. "Nesta estação (Manuel Leão) teremos 7 passagens por hora em horários de ponta, e fora destes períodos, a frequência será de cinco veículos por hora", explicou Tiago Braga.
Mas ainda antes do arranque do ano letivo, o dirigente da empresa de transportes acredita que as frequências possam aumentar de 14 veículos por hora em ambos os sentidos, para os 16.
A nova extensão terá um impacto significativo, tanto em termos operacionais como ambientais: "Estimamos 4,5 milhões de passageiros anuais, com 16 mil validações diárias, resultando numa poupança de emissões de CO₂ equivalente a quase 2 mil toneladas anuais", informou Tiago Braga.
Durante o fim-de-semana, a viagem entre Santo Ovídio e Vila d’Este poderá ser feita de forma gratuita, confirmou ao Porto Canal fonte da empresa.