Crescem burlas de habitação no Grande Porto. Pede-se dinheiro para visitar apartamentos

João Nogueira
Um imóvel em bom estado e com um preço abaixo do valor de mercado. É esta a “cara” de diversos anúncios de arrendamento que têm aliciado dezenas de pessoas. Desde 2016, a PSP controla o fenómeno, e com as medidas de segurança cada vez mais pesadas, os esquemas de fraude são adaptados e mais específicos. No Grande Porto, crescem as denúncias de burlas após o pagamento adiantado para reservar a visita a um imóvel, onde o suposto proprietário acaba por desaparecer sem dar resposta e sem a devolução do valor adiantado.
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O Porto Canal investigou este fenómeno e encontrou um anúncio suspeito de um T1 no centro de Matosinhos por 600 euros, um preço significativamente baixo comparado com os que são praticados no mercado de arrendamento. Numa pesquisa mais profunda, fotos do mesmo imóvel surgiam em diferentes anúncios noutros grupos de Facebook.
Ao contactar o suposto arrendatário, é solicitado um pagamento de 20 euros para reservar a visita. Depois do pagamento, fica acordada uma data para a visita. Dias depois, o "proprietário" desaparece.
O esquema é simples: o burlão publica um anúncio apelativo nas redes sociais, atraindo potenciais inquilinos. Depois, sugere a visita e pede um pagamento prévio que justifica com o elevado interesse no imóvel. Após a transferência do dinheiro, os burlões ajustam os detalhes da visita e, pouco depois, desaparecem.
Ao Porto Canal, a DECO PROteste classifica esta prática de adiantamento como “abusiva” e alerta para a ilegalidade de exigir documentos pessoais como a declaração de IRS sem a concretização do negócio.
“O facto de se fazer uma visita não implica que haja a concretização do negócio. Além de que, os proprietários ou as mediadoras imobiliárias ficam com acesso injustificado a dados pessoais do potencial arrendatário que só deveriam ser fornecidos quando (ou se) o contrato for celebrado”, declarou a entidade.
A DECO PROteste recomenda que os consumidores denunciem imediatamente estas situações às autoridades policiais e ao Gabinete de Cibercrime da Procuradoria-Geral da República (cibercrime@pgr.pt), bem como ao Centro Nacional de Cibersegurança (cert@cert.pt).
Só em 2023, a PSP identificou mais de 1500 casos de burlas no mercado de arrendamento, com um lucro total para os burlões que superou os dois milhões de euros. A DECO PROteste também referiu ao Porto Canal que as denúncias estão a aumentar, especialmente em casos de alojamentos de curta duração.
Desde 2016, a PSP tem monitorizado estas burlas, mas os burlões continuam a evoluir e a explorar novas formas de enganar os consumidores. É essencial que os potenciais inquilinos estejam atentos e sigam as recomendações das autoridades para se protegerem destes esquemas.