Alunos pró-Palestina mantêm protesto no jardim da Faculdade de Ciências do Porto
Porto Canal/Agências
Um grupo de estudantes que na quinta-feira à noite ocupou o edifício de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, habitualmente aberto 24 horas, em solidariedade com a Palestina, continua esta sexta-feira o protesto, mas nos jardins.
Em declarações à Lusa, fonte da Reitoria explicou que os estudantes passaram a noite em 12 tendas nos jardins do edifício, onde permanecem “livremente e pacificamente”.
“Os estudantes assumiram o compromisso de não ocupar o edifício de estudo de Ciências de Computadores, de forma a não perturbarem os colegas que necessitam de trabalhar, e estão a cumprir”, afirmou.
Embora não possam estar no interior do edifício, os manifestantes podem recorrer, individualmente, às casas de banho.
Os estudantes espalharam faixas pelo jardim onde se pode ler: “Solidariedade proletária por uma Palestina Livre”, “Israel não é uma democracia, Israel é um país terrorista” e “A revolução começa aqui”.
Em declarações à Lusa, a porta-voz do grupo de manifestantes, Joana Bernardes, afirmou que o objetivo da concentração é alertar a Universidade do Porto para a “necessidade imperativa de cortar relações" com Israel.
“É preciso que a Universidade do Porto condene formalmente o genocídio que está a ocorrer na Palestina”, disse.
Joana Bernardes frisou que a universidade continua a realizar eventos, aulas abertas e palestras onde está o embaixador de Israel em Portugal, o que é, na sua opinião, de lamentar.
A estudante contou que a Universidade de Porto tem “ligações alarmantes” a entidades e empresas israelitas, sublinhando que a ciência “não é um instrumento neutro, mas uma ferramenta que os Estados e outros agentes políticos e económicos usam para avançar com os seus objetivos”.
Na semana passada, o grupo de estudantes manifestou-se em frente ao edifício da Reitoria para exigir o corte de relações com o estado de Israel, tendo sido recebido pelo Reitor, António Sousa Pereira.
Foi-lhes explicado que a Universidade do Porto não mantém relações com o estado de Israel, mantém apenas “relações esporádicas com entidades académicas” de Israel e que o corte dessas relações poderia ser “contraproducente”.
Cerca das 22h30 de quinta-feira, mais de 50 estudantes e ativistas de movimentos da sociedade civil ocuparam o Departamento de Ciência de Computadores, tendo, pouco tempo depois, sido informados que não poderiam permanecer no interior decidindo, então, concentrar-se no exterior daquele edifício.
Contudo, às 00h13, os seguranças fecharam “por indicações superiores” as portas daquele departamento, onde no interior se encontravam mais de 10 alunos a estudar que tiveram de abandonar o espaço, constatou a Lusa no local.
À porta, aqueles estudantes contestaram e lamentaram a decisão por terem ficado privados do local de estudo, criticando e acusando os manifestantes pelo sucedido.
Os manifestantes exigem que a Universidade do Porto “rompa imediatamente todas as relações que mantém com instituições e empresas israelitas e que condene oficialmente o atual genocídio na Palestina”.
A ação faz parte da luta internacional de protesto estudantil que se iniciou em universidades norte-americanas e já se estendeu a instituições de ensino superior em várias cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou acima de 35 mil mortes, na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, e deixou o enclave numa situação de grave crise humanitária.