Futuro das Avenidas Atlânticas “congelado” até que obras do Porto terminem
João Nogueira
Ao que tudo indica o plano para as Avenidas Atlânticas vai ter de esperar que as restantes obras de mobilidade que avançam na cidade sejam terminadas. Apesar de se tratar de “uma questão de baldes de tinta”, as obras de organização daquelas vias não avançará até que seja ultimado o metrobus e a Avenida Nun’Álvares, entre a Foz do Douro e Nevogilde, informou o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo.
Há mais de um ano era aprovado o plano de re-organização do trânsito nas avenidas do Brasil e de Montevideu. A empreitada, considerada simples, deveria avançar em 2023, mas o arranque das obras do metrobus até à Praça do Império e a construção da Avenida Nun’Alvares, daquele ponto até à Avenida da Boavista, fizeram com que o projeto nunca chegasse a sair do papel.
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Filipe Araújo, no programa “Ata Pública” do Porto Canal, avançou que há um adiamento das intervenções nas Avenidas Atlânticas até se perceberem os impactos dos novos projetos no terreno. “Temos decisões posteriores que impactam e podem ter influência no território”, afirmou o vice da Câmara do Porto. “Há uma decisão ajustada de ponderar se é a altura certa de se fazer estas obras. Achamos que neste momento não é necessário, até porque está garantido, quer a ciclovia, quer a mobilidade naquela zona”.
Em resposta, a deputada do Bloco de Esquerda Maria Manuel Rola reiterou que o plano para as Avenidas Atlânticas é anterior às duas novas obras, já que parece existir “pouca ou nenhuma prioridade do Executivo em desenvolver a ciclovia na cidade”.
“Em 2013 havia 29 quilómetros de ciclovia na cidade. Existem agora 35 quilómetros. Estamos a falar de seis quilómetros em dez anos”, reiterou a bloquista.
Rui Sá da CDU refutou a explicação de Filipe Araújo e alertou que nenhuma das outras obras interfere diretamente com as Avenidas Atlânticas. “Não tem qualquer interferência. A Avenida Nun’Álvares nos próximos seis anos não está pronta e, portanto, não é alternativa à Avenida do Brasil e de Montevideu”, frisou.
“O metrobus vai até à rotunda do Castelo de Queijo e vira à direita para a Anémona e, portanto, as avenidas não têm qualquer alteração por força do metrobus”, continuou o líder municipal da coligação democrática unitária.
De recordar que a reversão das Avenidas Atlânticas, com a ciclovia em cima do passeio, foi decidida em acordo de governação entre PSD e o movimento independente de Rui Moreira.
O PSD “não recua, apenas acha que não é o timing”, reitera Mariana Ferreira Macedo. A social-democrata lamentou os atrasos das obras do metro na cidade, mas salvaguardou que não defende a acumulação de mais empreitadas na cidade.
“A nossa pretensão mantém-se. Mas mantém-se de uma forma integrada na mobilidade da cidade. É importante as outras duas obras, quer numa questão também logística e de mobilidade a serem concluídas, e depois com os devidos estudos assim percebemos qual é a melhor alternativa para as Avenidas Atlânticas”, declarou Mariana Ferreira Macedo.
A aprovação final ao plano de organização do trânsito das chamadas Avenidas Atlânticas prevê a manutenção da largura atual da faixa de rodagem, reduzindo as vias de trânsito de quatro para três, e o alargamento da ciclovia.
Sobre as três vias de trânsito, duas serão em sentido ascendente, Sul-Norte, da Foz em direção a Matosinhos. Para evitar bloqueios ou trânsito nos três pontos de viragem à esquerda de quem desce, ou seja, de quem conduz pela via única de Matosinhos para sul, vão ser criados “pontos de viragem”.
O passeio marítimo das Avenidas Atlânticas vai manter a largura atual, não prejudicando quem passeia na marginal da Foz.