Câmara limpou vestígios de droga na Escola do Cerco, mas ainda domina o entulho e a ruína no espaço
João Nogueira
Após ter selado os portões da Escola Preparatória do Cerco, no Porto, em agosto do ano passado, a autarquia procedeu à limpeza dos vestígios de tráfico e consumo de droga no local, bem como o encerramento de todos os acessos que permitiam a entrada no edificado. Quase oito meses depois, o espaço permanece encerrado e sem um futuro à vista, com a acumulação de lixo e degradação a poderem ser constatadas no local.
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A situação remonta a agosto do ano passado, quando a autarquia selou a Escola Preparatória do Cerco, no Porto, depois de o Ministério da Administração Interna rececionar uma carta de um morador a queixar-se sobre o consumo de droga ao ar livre no espaço. A missiva foi encaminhada ao município que, apesar de não ter competências sobre o espaço, o selou, tendo na altura Rui Moreira alertado que seria impensável "ficar até ao Natal com a escola assim”.
O aviso foi cumprido, e a autarquia informou o Porto Canal que, entre setembro e novembro de 2023, “procedeu à execução das medidas necessárias para a salvaguarda da segurança de pessoas e saúde pública, nomeadamente através da limpeza de toda a vegetação bravia, lixos indiferenciados acumulados, seringas e outros utensílios utilizados para o consumo de drogas duras e também de objetos fora de uso”. A somar-se a isto, a Câmara do Porto diz ter selado o espaço em ruínas que era utilizado para pernoita e prática de atividades ilícitas.
Meses depois, uma passagem pelo local é suficiente para perceber que o espaço continua em ruína, fechado, e com diverso entulho e lixo acumulados. O Porto Canal contactou o Ministério da Educação e a Direção Regional de Educação do Norte sobre este assunto, mas não obteve qualquer resposta.
Espaço para combater o consumo de droga ao ar livre
Também naquela época, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, sugeriu que a Escola Preparatória poderia servir para uma sala de chuto na zona oriental da cidade, somando-se à que já existe, na Pasteleira.
O autarca referiu que o espaço era ótimo e o local também, uma vez que o Cerco “é uma das zonas que têm sido identificadas pelo acréscimo de tráfico e de consumo”. O processo tinha de passar, contudo, por uma negociação com a DREN, para a cedência do espaço, e também com o Ministério da Saúde para colocar em prática o serviço de consumo assistido.
“Em quatro ou cinco meses” seria possível colocar uma estrutura do género a funcionar, sublinhou Rui Moreira, à data.
Mas a recomendação do autarca parece não ter sido atendida pelas entidades. O Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD) não respondeu ao Porto Canal sobre a escola poder servir para uma sala de consumo assistido amovível.
Por sua vez, a autarquia confirmou ao Porto Canal que está a alargar as respostas de saúde nesta área, e está já a adquirir uma unidade móvel para oferecer o mesmo serviço em vários pontos da cidade.