Museu Soares dos Reis com nova exposição sobre as faianças “azul de safra”
Porto Canal/Agências
O Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, inaugura na sexta-feira uma exposição que aborda as faianças “azul de safra”, assim denominadas devido à tonalidade da cor do seu vidrado, datáveis do período entre 1775 e 1822.
A organização desta exposição temporária promove “a relação desta coleção com outras coleções do Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), anteriores ao moderno conceito de design, valorizando a sua contextualização e interpretação com aproximações à história e às artes plásticas europeias, nomeadamente pintura, desenho e gravura”, esclareceu o MNSR, esta segunda-feira, em comunicado.
No mesmo texto, o diretor do museu, António Ponte, salientou que a exposição permite “o estabelecimento de um diálogo, programático e museográfico, entre as faianças azul de safra com outros objetos coevos da coleção do MNSR, transmitindo-se a ideia de transversalidade nas artes decorativas e nas artes plásticas portuguesas desta época”, o que resulta de “uma vontade de pensar as coleções para além das suas fronteiras e de acordo com as aspirações e necessidades do visitante contemporâneo”.
No conjunto das diferentes proveniências, referiu António Ponte, o acervo de cerâmica do museu inclui, atualmente, cerca de 4.000 peças de distintas tipologias: azulejaria, cerâmica de autor, núcleos de faiança portuguesa e espanhola (séculos XVI a XX), de porcelana chinesa e japonesa (séculos XVI a XX), de porcelana europeia (séculos XIX e XX) e de faiança holandesa de Delft (séculos XVII e XVIII).
A Fábrica de Louça de Miragaia foi fundada por um comerciante minhoto enriquecido no Brasil, João Rocha (1720-1799), em Miragaia, no Porto, em 1775, tendo como sócio fundador o sobrinho João Bento da Rocha.
De acordo com informação disponibilizada pelo MNSR, o objetivo dos empresários era “manufaturar toda a qualidade de peças da dita loiça à maneira da que vem de países estrangeiros”, especialmente da China e da Europa.
Em 1814, já depois dos prejuízos sofridos com as Invasões Francesas, a Fábrica de Louça de Miragaia era a maior da cidade do Porto no ramo da cerâmica, com 27 trabalhadores, entre os quais existiam laços familiares, facilitando a transmissão de saberes técnicos e artísticos.
No final da década de 1820, sob a concorrência de anos da loiça importada de Inglaterra, iniciou-se a produção de peças semelhantes em forma e/ou decoração às inglesas, das quais são apresentados alguns exemplares na exposição “A faiança azul de safra da Fábrica de Miragaia”.
Na década de 1850, após problemas financeiros, a fábrica encerrou, completando cerca de 80 anos de atividade, mantendo-se até hoje como um símbolo da qualidade da faiança produzida entre o Porto e Gaia.
O Museu Nacional de Soares dos Reis preserva uma coleção de cerca de 180 peças da Fábrica de Louça de Miragaia, resultante de diferentes incorporações.
A exposição temporária “A Faiança Azul de Safra da Fábrica de Miragaia”, comissariada por José da Costa Reis, ficará patente até 23 de junho.
Estão agendadas para os dias 11 de abril, 09 e 23 de maio, visitas orientadas por José da Costa Reis.
O programa paralelo a esta mostra integra também oficinas para famílias, a primeira a 28 de abril: “Azul de Safra. Ao domingo pintamos flores azuis no jardim do Museu”, orientada por Joana Padilha, pintora e ilustradora, seguindo-se nos dias 05 de maio, 09 e 23 de junho, a oficina “Azul de Safra: Cria o teu block print e estampa o teu desenho!”, orientada por Isabel Machado Guimarães, ‘designer’ têxtil e artista plástica
A participação tem um custo e 20 e 30 euros, respetivamente, com material incluído.