CDU quer que Câmara do Porto e IP preservem zona da Noeda da linha de alta velocidade

Porto Canal/Agências
A CDU quer que a Câmara do Porto estude, em colaboração com a Infraestruturas de Portugal, alternativas para preservar a zona da Noeda, nas traseiras da estação de Campanhã, do projeto da linha de alta velocidade.
"No estudo apresentado sobre o projeto do TGV, Noeda é sujeita a uma passagem da nova Rua do Freixo, sem ter em conta a importância da ruralidade urbana do local", refere a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo.
"Noeda não merece tal futuro. A sua história, as suas vivências e sobretudo as suas gentes não ficarão melhor com as soluções de passagem da nova Rua do Freixo e prevendo a construção de diversos empreendimentos imobiliários, sem ter em conta a importância da ruralidade urbana do local", defende.
Na proposta, que será discutida na reunião do executivo de segunda-feira, a vereadora destaca que a construção do novo arruamento implica "além das expropriações", o transporte de "um volume enorme de terra para solidificar o arruamento".
"Não evitando o acentuado declive, o que produzirá, no futuro, mais poluição de ruído e de gases carbono das viaturas pesadas", observa.
Nesse sentido, Ilda Figueiredo propõe que a Câmara do Porto e a IP "estudem as alternativas" com vista a preservar a zona de Noeda, onde moram "30 famílias" e estão instaladas três associações, "que há muitos anos se preocupam com os problemas locais".
"Pode haver a possibilidade de uma candidatura a fundos comunitários e/ou nacionais para preservar a ruralidade urbana existente e incluir este objetivo numa intervenção alternativa às propostas de projeto do traçado do TGV", considera.
A vereadora da CDU quer também que se estude a possibilidade de criar um projeto que envolva as organizações sociais, culturais e ambientais existentes naquela zona com vista à "criação de um centro de estudos de ruralidades urbanas, em colaboração com as universidades".
"Desde há muitos séculos que Noeda é um sítio habitado. Contém ruínas castrejas documentadas nos arquivos da CMP (...) Tem o que resta de um núcleo agrícola onde são visíveis as eiras, as hortas, as levadas de água, as minas, os poços e os muros de pedra local revestidos com uma massa ancestral entre as pedras que as une ainda hoje", observa a vereadora, destacando a queda de água "única dentro da cidade", bem como a produção de farinha.
A linha de alta velocidade deverá ligar Porto e Lisboa em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.