“Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance”. Câmara do Porto desvincula-se da Associação Museu da Imprensa

“Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance”. Câmara do Porto desvincula-se da Associação Museu da Imprensa
| Porto
Ana Francisca Gomes

A Câmara Municipal do Porto vai desvincular-se da 'Associação Museu da Imprensa'. A decisão já tinha sido aprovada pelo executivo camarário e foi aprovada, na noite desta segunda-feira, pela Assembleia Municipal. Rui Moreira considera que a autarquia fez tudo o que estava ao seu alcance, mas que os membros da Associação “confundiram os interesses privados com os interesses públicos”.

A proposta foi aprovada, mas mereceu os votos contra do Bloco de Esquerda e da CDU.

O comunista Rui Sá crê que este ato de saída da associação é “precipitado” e considera que não estão esgotadas as condições para se poder “tentar levar a bom porto algo da qual toda a cidade se orgulha”.

“Como é que nós queremos preservar aquele patrimônio, um espólio que é único, saindo da associação? Eu acho que isso nos deixa num estado de ‘quem está de fora racha lenha’. Parece-nos que era mais prudente mantermo-nos na associação, continuar a batalhar.”, declarou.

A mesma preocupação foi partilhada por Paulo Vieira de Castro, do PAN, para quem é preciso perceber “como se sai daqui sem prejudicar um espaço com dignidade de museu nacional, um dos melhores do mundo nesta área, o único museu vivo do setor na Península Ibérica”.

Para o deputado, a cidade não pode prescindir de um museu nacional, “já que não tem assim tantos”.

O tema do Museu Nacional da Imprensa remete para junho de 2022, altura em que a Câmara tomou posse do edifício. Seguiu-se uma visita dos Sapadores Bombeiros do Porto que revelou “a inoperacionalidade do sistema automático de deteção de incêndio”.

Por isso, o espaço acabou por fechar portas em agosto de 2022 e assim continua até hoje. Além da preocupação relativamente ao fecho, há também um passivo superior a 190 mil euros acumulado e quatro funcionários que têm os seus salários pendentes.

A Câmara tentou a dissolução da associação, para tomar posse do edifício, algo que foi repugnado com uma providência cautelar a 5 de janeiro deste ano pelo Centro de Formação de Jornalistas.

 

Interesses de grupos económicos

O presidente da autarquia explicou que foram feitos “inúmeros esforços” para que a associação incluísse mais membros, mas “isso não foi possível porque houve determinados grupos econômicos que pretendiam manter um domínio não sobre o museu, mas sobre as instalações que estão afetas ao Museu e que servem para muito mais do que o Museu”.

A Associação é gerida por quatro entidades: a Câmara do Porto; o Global Media Group, a Apigraf e ainda a Secretaria-Geral do Conselho de Ministros.

Rui Moreira diz que foi feito tudo o que estava ao alcance da autarquia e que esta ao integrar uma associação tem que “zelar pela legalidade”.

“Entrou uma providência cautelar e, neste momento, a Associação não tem sequer instrumentos para contestar essa providência. Eu não acredito que algum dos senhores deputados - e fiz a mesma pergunta no executivo - queira ser diretor desta associação e queira assumir as responsabilidades fiscais e penais por fazer parte de uma associação que está verdadeiramente em incumprimento, que tem salários em atraso e que não tem como pagar aos funcionários. É que eu não encontro e eu não vou pedir a ninguém, a nenhum funcionário da câmara para assumir responsabilidades pessoais, civis e criminais para fazer parte dos órgãos sociais desta associação. Portanto aquilo que nós temos que fazer é sair”, afirmou.

Rui Moreira informou ainda que o município, a seu tempo, e em conjunto com o Estado, irá "recuperar" aquele território, que é municipal. “Estamos a trabalhar nesse assunto, mas essa é outra questão e virá cá mais tarde”.

Susana Constante Pereira afirma que o Bloco de Esquerda tem acompanhado aquele que é um “processo muito infeliz” em relação a um equipamento que todos os presentes “valorizam”, mas que não estão de acordo com a solução.

Ricardo Meireles, do Partido Socialista, considera “absolutamente deprimente” que um museu nacional só receba apenas dois mil visitantes por ano.

+ notícias: Porto

Incêndio em colégio no Porto já está extinto

O incêndio que deflagrou ao início da tarde de deste domingo no Colégio Flori, no Porto, "já está extinto" e em fase de rescaldo e ventilação, adiantaram ao Porto Canal as autoridades.

Last Folio: as duras memórias do Holocausto 

O Museu e Igreja da Misericórdia do Porto acolhem a exposição internacional LAST FOLIO acompanhada por um documentário, que mostra as memórias do Holocausto. A exposição do fotógrafo Yuri Dojc e da cineasta Katya Krausova, pode ser visitada até novembro.

Nova Linha do Metro do Porto avança. Veja aqui as primeiras imagens 

As obras da nova Linha do Metro do Porto, Linha Rosa (G), que assegurará a ligação entre São Bento e a Rotunda da Boavista já avançaram. Esta extensão terá 3 km e 4 estações subterrâneas (duas adjacentes às já existentes São Bento e Casa da Música).