Reconhecido há 25 anos, Mirandês corre risco de desaparecer

Reconhecido há 25 anos, Mirandês corre risco de desaparecer
| Norte
Porto Canal

O mirandês é oficialmente reconhecido como a segunda língua oficial em Portugal há 25 anos. O diploma que consagra os direitos linguísticos da comunidade mirandesa foi publicado a 29 de janeiro de 1999 em Diário da República. Mas a “lhéngua” ancestral falada no Nordeste Transmontano está em risco de cair no esquecimento.

Segundo um estudo publicado em 2023 por investigadores da Universidade de Vigo, “a este ritmo, este idioma desaparece em menos de 20 anos”, contou na altura à Lusa Xosé-Henrique Costas, professor catedrático da instituição.

“A língua mirandesa está numa situação muito crítica, dado o abandono das intuições públicas e privadas. A utilização do mirandês teve uma quebra de 50% no que se refere ao número de falantes”, disse ainda.

O estudo estimou que cerca de 3.500 pessoas conheçam a língua, enquanto que apenas 1.500 dessas a usem com regularidade. O mirandês é lecionado nas escolas desde 1986, adotando a forma de aula opcional para os alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro. No ano letivo de 2022/23, cerca de 75% dos matriculados nas escolas estavam inscritos nas aulas da língua mirandesa.

Um professor no concelho que dá aulas de mirandês há mais de 20 anos admitiu ao Porto Canal, numa reportagem de setembro de 2023, que se torna difícil a prática da “lhéngua” para aqueles que não a têm como materna em casa.

O mirandês conta também com um curso na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que contou em 2023 com dez alunos, incluindo um de nacionalidade coreana.

Mas apesar do interesse ter crescido desde que a língua foi reconhecida oficialmente como a segunda oficial em Portugal, em Miranda do Douro reivindica-se um maior apoio do Estado para manter o mirandês vivo.

“Apesar de estar inscrita no Orçamento do Estado (OE) uma verba de 100 mil euros para a criação de um organismo de defesa da língua mirandesa, pretendemos que o assunto não fique só pelo papel. Exigimos a criação do Instituto da Língua Mirandesa”, defendeu Helena Barril, presidente da Câmara de Miranda do Douro, no seguimento da publicação do estudo da Universidade de Vigo.

“Não podemos enterrar a cabeça na areia e fazer de conta que não há problemas com a língua mirandesa. É natural que olhemos para este estudo da Universidade de Vigo com preocupação. Por este motivo é importante a participação de todos na defesa da nossa língua mãe”, disse à Lusa a autarca social-democrata do distrito de Bragança.

Também Ana Afonso, formadora do curso de mirandês na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, fala em alguma frustração.

“Queremos que nos ouçam em Lisboa. Que nos ouçam e vejam que o Governo tem a obrigação de apoiar a língua mirandesa porque assinou a Carta Europeia das Línguas Minoritárias. Era bom que concretizasse o que prometeu no Orçamento do Estado para 2023, na lei 219, um fundo pela criação de organismo que estudasse, apoiasse e divulgasse a língua mirandesa. Só falta um mês e meio e estamos a ver tudo em águas de bacalhau”.

“O prometido é devido, mas aqui estamos.”, lamenta Ana Afonso.

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