“Mau funcionamento” da rede UNIR descredibiliza transportes públicos, diz PAN/Porto
Porto Canal / Agências
O PAN/Porto mostrou-se esta quarta-feira preocupado com o impacto do “mau funcionamento” da nova rede de autocarros da Área Metropolitana do Porto (AMP), denominada Unir, falando em “inúmeras denúncias” e em “descredibilização e desconfiança nos transportes públicos”.
Em comunicado, a comissão política distrital do Porto do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), remetendo para relatos divulgados na comunicação social, diz que “vários utentes da Unir demonstram a sua insatisfação”.
O PAN enumera problemas como não haver horários nas paragens nem identificação dos transportes que passam nas paragens, ausência de equipamentos para validação dos títulos de transporte e informações escritas em sueco nos autocarros.
“[Gerou-se] uma confusão generalizada entres os utilizadores dos transportes públicos na AMP. Em paralelo, têm vindo a público notícias que põem em causa a responsabilidade e metas ambientais e que é necessário que sejam esclarecidas pela AMP”, lê-se no comunicado.
Na nota do PAN, a dirigente Bebiana Cunha avança que pretende questionar a AMP “sobre o plano de resolução destes problemas, assim como saber a partir de quando é que as pessoas poderão usar os transportes públicos na AMP com a segurança de que vão chegar a horas ao seu destino”.
A dirigente também quer saber quais as metas ambientais definidas na implementação destes autocarros.
“Saudamos o facto das ligação de Braga até ao Porto, pela A3 ter sido resposta, pois estava a causar um enorme constrangimento aos estudantes do polo universitário, assim como a utentes do Hospital de São João e IPO do Porto de se deslocarem para tratamentos. Não obstante, é preciso que estas mudanças sejam devidamente preparadas, pois a falta de organização está a ser destabilizadora para a região, levando a problemas laborais, a limitar o acesso a serviços e a levar a que as pessoas voltem ao transporte individual”, refere Bebiana Cunha, citada no comunicado.
A Unir começou a operar na sexta-feira em todo o território da região, após anos de litigância nos tribunais com os anteriores operadores.
A nova rede de 439 linhas e nova imagem substitui os serviços efetuados pelos cerca de 30 operadores privados rodoviários na AMP, como por exemplo a Caima, Feirense, Transdev, UT Carvalhos, Gondomarense, Pacense, Arriva, Maré, Landim, Valpi, Litoral Norte, Souto, MGC, Seluve, Espírito Santo, entre outros.
No Porto e nos concelhos vizinhos, o serviço da STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto) mantém-se inalterado.
Toda a rede Unir utilizará o sistema de bilhética Andante, e acaba com um modelo de concessão linha a linha herdado de 1948, já que o concurso público foi dividido em cinco lotes, ainda que todos operem sob a mesma marca.
A AMP vai desembolsar um total de 311,6 milhões de euros ao longo de sete anos no âmbito da nova rede de transportes públicos rodoviários, segundo os contratos.
A UNIR foi implementada na sequência de um concurso público lançado em 2020, mas viu o seu lançamento ser atrasado devido a sucessivas impugnações por parte de alguns dos antigos operadores no terreno, que perderam o concurso público e operaram ao abrigo de licenças provisórias.
Desde que entrou em funcionamento têm sido vários os relatos sobre o funcionamento da rede, a maioria deles pejorativos.
Alguns autocarros ainda circulam com decorações antigas e sem a bandeira a funcionar, bem como sem o número de linha, mantendo-se a folha A4 a indicar o destino, como já acontecia com os anteriores operadores do serviço rodoviário de passageiros na AMP.