Quando Maradona alugou um carro e foi a Viseu comer cabrito. Morreu há três anos um dos melhores de sempre

Quando Maradona alugou um carro e foi a Viseu comer cabrito. Morreu há três anos um dos melhores de sempre
| Desporto
Alexandre Matos

25 de novembro de 2020 foi um dia triste para o futebol. Faleceu, com 60 anos, Diego Armando Maradona. Entre o melhor golo de sempre num Mundial de Futebol, e também o mais polémico separados apenas por meros minutos, o argentino deixou histórias que vão para sempre ficar no imaginário de quem gosta do desporto rei. Mas é uma menos conhecida, em Viseu, que recordamos no terceiro aniversário da sua morte.

Era 4 de abril de 1983. Diego Armando Maradona preparava-se para finalizar a primeira (atribulada) época no FC Barcelona. Entre a desilusão de estar novamente fora da luta pelo título de campeão espanhol, que não conquistava desde 1974, e a preparação das fases finais da Copa do Rei, os ‘culés’ viviam momentos de muita tensão.

Mas isso não impediu ‘El Pibe’, figura que não era consensual na Catalunha entre as saídas noturnas, lesões e algumas exibições que não correspondiam ao rótulo de estrela que trazia da Argentina, de fazer uma “pequena” viagem.

Os Prémios Gandula

Isto porque ao mesmo tempo, preparava-se em Viseu a entrega anual dos Prémios Gandula, da autoria do jornalista brasileiro Wilson Brasil, radicado em Portugal e a escrever na altura na Gazeta dos Desportos. Entre muitos convidados e premiados, que incluíam Jorge Nuno Pinto da Costa, José Maria Pedroto, Quinito, Fernando Gomes, Manuel Fernandes, Rui Tovar, estava o jogador que Brasil considerou o melhor estrangeiro desse ano - Diego Maradona.

Mas ninguém, nem o próprio jornalista organizador da cerimónia, esperava que ‘El Pibe’ se deslocasse até ao centro do país vizinho onde morava para receber um Gandula – cujo nome pretendia homenagear os “apanha-bolas” (gandula é o nome usado no Brasil para os descrever).

Mas Maradona, como dentro de campo, mostrou que era imprevisível. Sem criar grande alarido, e principalmente sem a autorização do Barcelona – ponto que iremos perceber que tem muita relevância -, informou-se sobre como chegar a Viseu, entrou num avião, aterrou em Lisboa e alugou um carro para chegar até à cidade.

Os relatos de quem lá esteve são variados, como muitas vezes é o caso com lendas. Mas o jornalista Fernando Emílio, ele próprio vencedor do prémio por 13 vezes, contou ao MaisFutebol que Maradona chegou sozinho, e cheio de fome.

Foram então, juntamente com o também jornalista Neves de Sousa, a um restaurante viseense comer um churrasco de cabrito, com um vinho do Dão a acompanhar. “Ele adorou”, escreveu Emílio.

O prato, entretanto, já não consta na ementa do restaurante, mas não escapou à memória de Maradona. Em 2016, quando Fernando Emílio fazia a cobertura da Volta ao Dubai em bicicleta, o argentino apareceu na tribuna e recordou a refeição feita na noite de rebeldia 33 anos antes.

“Es portugués? No te recuerdas de mi? Comi um chibito maravilloso en tu terra”, disse Diego ao jornalista luso.

Escapadinha dias antes de jogo crucial

Se a viagem em si de Diego Armando Maradona desde o seu conforto de luxo em Barcelona até um pavilhão frio em Viseu já era algo que muitos não acreditariam, o contexto desportivo da época acrescenta ainda mais um nível ao dia.

A cerimónia em que Maradona esteve, na segunda-feira 4 de abril de 1983, foi cerca de 24 horas depois de uma derrota do Barcelona frente à Real Sociedad, a contar para a Primeira Liga Espanhola, numa partida em que uma vitória colocava os ‘culés’ empatados com o Real Madrid na frente do campeonato, com apenas três jogos ainda por disputar.

Segunda-feira era a folga dos jogadores, mas certamente não ficaram muito satisfeitos os dirigentes do clube da Catalunha. Especialmente porque a viagem não foi autorizada, e porque Maradona fez um percurso de carro que, na altura, não seria o mais seguro – principalmente no troço de estrada nacional entre Coimbra e Viseu.

O argentino acabou mesmo por ficar a noite na cidade do interior de Portugal, num hotel onde até aos dias de hoje a sua estadia é relembrada.

Voltou para Barcelona na terça-feira, depois de fazer a viagem de volta para Lisboa onde apanhou novo avião.

E se a derrota no dia antes da presença de Maradona em Viseu tinha sido importante, no fim de semana seguinte, a 10 de abril, os ‘blaugrana’ enfrentavam o Athletic Club, de Bilbao. Os bascos estavam, a par do ‘Barça’ e do Real Madrid a discutir o título de campeão espanhol. Venceram essa partida crucial por 3-2, afastaram em definitivo o Barcelona da luta e embalaram mesmo para a conquista da Liga Espanhola.

Maradona falhava assim o grande objetivo imposto a ele mesmo e à equipa aquando da sua contratação no verão anterior – recuperar o título que escapava há nove anos.

Também não o conseguiu no ano seguinte, com o Athletic a fazer a dobradinha. Na final da Taça de Espanha desse ano, 1984, também frente aos bascos, Maradona envolve-se numa das cenas de violência mais graves alguma vez vista num relvado. Joelhou o guarda-redes adversário na cabeça, com um castigo grande aplicado posteriormente.

Entre esse episódio, as fugas constantes – quer na noite catalã quer viseense – e o relativo fracasso desportivo nas duas épocas passadas no Barcelona, os dirigentes ‘culés’ decidiram descartar o rebelde argentino.

Diego Armando Maradona mudou-se para Nápoles, onde acabou por se tornar no melhor jogador do mundo, escrevendo uma das mais bonitas histórias do mundo do futebol. “El Pibe”, um jogador com tanta personalidade dentro como fora das quatro linhas, eternizou-se na memória daqueles que vivem para o desporto rei.

Na Argentina, em Nápoles, deixando um pedacinho de história também em Viseu.

 
 
 
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