Animadores de rua e lojistas do Porto esperam que novo regulamento apazigue tensões

Animadores de rua e lojistas do Porto esperam que novo regulamento apazigue tensões
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Porto Canal / Agências

Os artistas e os comerciantes da cidade do Porto esperam que o novo regulamento de animação de rua, em segunda consulta pública desde o início do mês, apazigue as tensões entre os dois setores.

"A animação de rua costuma causar muito incómodo, pois são coisas repetitivas e que demoram muito tempo", declara Margarida Santos, empregada de uma loja de artesanato na Rua de Santa Catarina.

No interior da loja, revestida por aventais, toalhas e outros artigos de artesanato, Margarida Santos conta à Lusa as vezes em que vários artistas se agregaram simultaneamente em frente ao espaço comercial e competiram por lugares na rua.

"Tudo o que é demais afeta o negócio", disse, referindo-se à amplificação de som, um dos aspetos mais criticados pelos comerciantes e cuja utilização, no novo regulamento, está dependente de uma licença especial.

A lojista afirma que, nos dias de maior atividade, não consegue comunicar com os clientes dentro do próprio estabelecimento.

Ao fundo da rua, Mariana Vasconcelos, trabalhadora numa sapataria, considera que os artistas "não causam muito incómodo, até porque já são conhecidos e atuam em diferentes pontos da rua”.

“Faz parte do quotidiano”, conta a lojista de 26 anos, que, tem, no entanto, uma opinião mais crítica sobre os “novos animadores, menos conhecidos”, que começam a ocupar aquela que é uma das artérias mais visitadas do Porto.

“Já chegaram a colocar polícia no meio, porque não tinham licença para atuar e retiraram os que lá estavam”, relata.

Nos cafés, a presença dos artistas não é um impedimento ao negócio, "até porque animam as pessoas", afirma Ana Martins, gerente de um dos vários estabelecimentos existentes naquela zona comercial.

Se os comerciantes, com algumas exceções, sentem que os animadores de rua não respeitam o ambiente de comércio de algumas ruas portuenses, os artistas sentem-se desconsiderados pelo setor comercial.

Na baixa da cidade, na Rua das Flores, Edyimar Monesterios toca há mês e meio violino como forma de angariar fundos para estudar num conservatório.

Embora não use amplificação nas suas performances, a jovem também não fica livre da reprovação de alguns lojistas, que, embora não tenham chamado a polícia, "ficam um bocado chateados com o barulho".

Franco Nadal, guitarrista em Santa Catarina, acha que os animadores não têm intenção de incomodar os comerciantes, afirmando que estes costumam aceder aos pedidos dos lojistas para reduzir o volume das atuações.

“O músico adapta-se à situação da rua”, afirma, receando que o distanciamento obrigatório, uma das medidas do novo regulamento, retire o entretenimento do Porto.

“A cidade não vai ter a mesma quantidade de música”, salienta.

O distanciamento de 150 metros entre artistas, a redução do horário de atuação, que passa a ser das 10h00 às 22h00 horas e o pagamento de taxas para atuar no centro da cidade são algumas das medidas do novo regulamento, que a câmara espera que solucione o ambiente de tensão e desorganização. O novo regulamento de animação de rua foi submetido a uma nova consulta pública a 6 de novembro.

Em relação às novas medidas, os artistas mostraram-se apreensivos, temendo um impacto negativo na atividade.

Pedro Sobral, guitarrista na Rua das Flores, vê o distanciamento como uma medida necessária, mas receia que a proibição de amplificação de som sem licença especial complique o trabalho dos artistas.

“Acho que seria melhor mudar para um limite de volume”, afirma.

Os comerciantes, por outro lado, esperam que o novo regulamento crie um ambiente mais agradável para os visitantes das ruas.

“Para os artistas não se juntarem tanto, acho bem que seja implementado o novo regulamento", afirma Ana Martins.

Margarida Santos espera que, através da combinação de horários e do distanciamento, se reduzam as tensões entre os comerciantes e os artistas de rua.

“Todos nós precisamos de viver e fazer dinheiro”, conclui.

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