BE considera escolha de Carlos Moedas como pagamento por instalação de austeridade
Porto Canal
O Bloco de Esquerda considerou hoje que a escolha de Carlos Moedas para a Comissão Europeia serve para o Governo recompensar "descaradamente" as negociações com a 'troika' que, segundo o partido, instalaram a austeridade em Portugal.
"[Carlos] Moedas foi descaradamente recompensado pelo trabalho que fez na implementação da austeridade em Portugal. Era o representante, o senhor 'troika' em Portugal", disse a deputada do Bloco Catarina Mortágua em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Para a deputada, Carlos Moedas é "o homem de mão dos interesses financeiros e económicos e da elite económica financeira", tendo esta escolha sido feita pelo presidente da Comissão Europeia -- Jean Claude Juncker - "homem aliado com a austeridade e a direita".
O nome também terá passado pela chanceler alemã Angela Merkel, "que domina grande parte das instituições europeias" e por pedro Passos Coelho, "aliado com as políticas de austeridade que têm vindo a destruir o país", acusou.
Para a deputada, a escolha seria sempre "uma continuidade da austeridade", relembrando que a presença de Carlos Moedas em Bruxelas não trará "nada de bom ou de diferente" para Portugal, já que este irá seguir a política de austeridade que "destruiu o país".
"Esta escolha reforça um pouco a nossa desilusão em relação à União Europeia. Cada vez temos mais certeza que podemos esperar menos de uma UE que, cada vez mais, caminha na direção destes interesses e se afasta do povo europeu", sublinhou.
O nome do atual secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro como representante de Portugal na Comissão Europeia foi hoje anunciado pelo Governo, depois de Pedro Passos Coelho ter informado o próximo presidente daquela instituição, Jean-Claude Juncker.