Falta de apoios pode acabar com estudo sobre sobreviventes de cancro no Porto
Porto Canal /Agências
O projeto “De volta à forma”, para doentes e sobreviventes oncológicos tratados nos hospitais da Área Metropolitana do Porto, pode acabar por falta de mais apoios, disse hoje à Lusa a presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas.
Em curso desde 2015, numa parceria entre a APLL, a Porto Lazer e a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, o projeto de reabilitação física e psicológica de doentes que superaram o cancro é totalmente gratuito, sublinhou Isabel Barbosa.
Entre 2017 e 2019 o projeto foi alvo de um estudo “que reuniu 70 doentes, com idade entre 40 e 70 anos, de ambos os sexos do norte do país” para “analisar questões como a ansiedade e depressão, o autoconceito, a forma de lidar com o cancro, bem como o bem-estar psicológico e a qualidade de vida”, explicou a responsável da APLL.
Denominado “Intervenção de grupo combinado de educação física e psicoeducação: um estudo quasi-experimental com sobreviventes de cancro portugueses”, o estudo foi distinguido em junho na 2.ª edição das Conferências Internacionais em Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade da Beira Interior com o prémio de mérito científico, lê-se na informação enviada à Lusa.
O estudo tinha como objetivo avaliar o efeito de um programa combinado de exercício físico e intervenção psicológica em grupo nos sintomas psicopatológicos e variáveis relacionadas de sobreviventes oncológicos portugueses, acrescenta o comunicado.
Apesar de premiado, segundo Isabel Barbosa, o horizonte do programa “é preocupante” devido à “falta de mais apoios numa fase em que a aposta era alargar as respostas”.
“O projeto precisa de mais apoios, para poder continuar a ser feito juntamente com as faculdades e poder crescer para mais centros”, alertou a responsável.
A iniciativa tem decorrido no ginásio da Piscina da Constituição, no Porto, disse Isabel Barbosa, explicando que “está aberto a todos os doentes oncológicos” e funciona “o ano inteiro”, sendo que durante a pandemia da covid-19 “recorreu a aulas online para poder continuar a apoiar os sobreviventes”.
“Ultrapassadas as limitações dos tratamentos é importante começar esta reabilitação física. Há um estudo no IPO [Instituto Português de Oncologia] sobre doentes de cancro gástrico que revela que fazendo reabilitação física os doentes recuperam mais rapidamente”, sublinhou a também especialista em doenças do sangue.