Saída da Rússia do acordo de cereais é um risco para a inflação, diz Lagarde

Saída da Rússia do acordo de cereais é um risco para a inflação, diz Lagarde
| Economia
Porto Canal/Agências

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou esta quinta-feira que a saída da Rússia do acordo de cereais do Mar Negro é um risco para a inflação.

Em conferência de imprensa, após a reunião do Conselho de Governadores do BCE, Lagarde considerou que “as perspetivas de crescimento económico e inflação continuam altamente incertas”.

“Os riscos ascendentes para a inflação incluem potenciais pressões ascendentes renovadas sobre os custos da energia e dos alimentos, também relacionadas com a retirada unilateral da Rússia da Iniciativa dos Cereais do Mar Negro”, afirmou.

Há um ano, a Rússia e a Ucrânia chegaram a um acordo mediado pela ONU e pela Turquia que reabriu três portos ucranianos do Mar Negro que tinham sido bloqueados pelos combates entre a Rússia e a Ucrânia e garantiu que os navios que entrassem nos portos não seriam atacados.

A Rússia recusou-se a renovar o acordo este mês, queixando-se de que as suas próprias exportações estavam a ser bloqueadas. Tanto a Rússia como a Ucrânia são grandes fornecedores de cereais.

Lagarde apontou ainda um aumento duradouro nas expectativas de inflação acima da meta de 2% do BCE, ou maiores aumentos do que o previsto nos salários ou nas margens de lucro como fatores que podem levar a uma subida da inflação, incluindo no médio prazo.

Por outro lado, uma procura mais fraca – por exemplo, devido a uma transmissão mais forte da política monetária – levaria a pressões de preços mais baixas, particularmente no médio prazo.

A presidente do BCE sublinhou que a inflação iria cair mais rapidamente se a queda dos preços da energia e os aumentos mais baixos dos preços dos alimentos fossem transmitidos aos preços de outros bens e serviços mais rapidamente do que o atualmente previsto.

Entre os riscos negativos para o crescimento elencou “a guerra injustificada da Rússia contra a Ucrânia e um aumento nas tensões geopolíticas mais amplas, que podem fragmentar o comércio global e, assim, pesar na economia da zona do euro”.

“O crescimento também pode ser mais lento se os efeitos da política monetária forem mais fortes do que o esperado, ou se a economia mundial enfraquecer e, assim, diminuir a procura por exportações da zona euro”, assinalou.

Por outro lado, o BCE acredita que “o crescimento pode ser maior do que o projetado se o forte mercado de trabalho, o aumento dos rendimentos reais e a diminuição da incerteza significarem que as pessoas e as empresas se tornam mais confiantes e gastam mais”.

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