Única capela do Porto localizada no 1.º andar abre património à cidade no sábado

Porto Canal / Agências
A Capela Nossa Senhora da Silva, a única no Porto localizada num primeiro andar, abre ao público, no sábado, numa iniciativa da confraria para dar a conhecer o seu espólio que inclui peças litúrgicas, documentos e trajes históricos.
A Capela Nossa Senhora da Silva, a única no Porto localizada num primeiro andar, abre ao público, no sábado, numa iniciativa da confraria para dar a conhecer o seu espólio que inclui peças litúrgicas, documentos e trajes históricos.
“Neste momento queremos mostrar à cidade e a quem nos visita os nossos valores éticos e também daqui criar alguma riqueza para podermos, dentro do centro histórico, ter valores financeiros que nos permitam recuperar todos os espaços e eventualmente conseguir organizar, como acontecia, espaços onde acolher as pessoas. Este é o grande objetivo: conseguir abrir à cidade na perspetiva pedagógica, social e cultural aquilo que é o nosso património que está fechado”, antecipou à Lusa o vice-presidente da Confraria de Nossa Senhora da Silva, Joaquim Massena.
Depois de há três anos ter perdido a sua última inquilina, o edifício integrado no casario que ladeia a Rua dos Caldeireiros, em pleno centro histórico, apenas abria as suas portas uma vez por ano - por tradição no primeiro domingo de julho - para celebrar uma missa em honra da padroeira dos ferreiros.
A história da confraria é, contudo, mais vasta, como mostram os trajes de 1907, os objetos litúrgicos do século XV e outros documentos históricos ainda por inventariar, conta Joaquim Massena numa visita que antecipa a abertura do edifício à cidade.
São eles, explica, que podem denunciar a importância social que outrora a Confraria de Nossa Senhora da Silva – administrada, no século XV por ferreiros, caldeireiros e anzoleiros - tinha para as pessoas do burgo.
Da rua, apenas o aparatoso nicho do século XVIII sobre a varanda - envidraçado e protegido por uma cobertura de talha, contendo a imagem de Nossa Senhora da Silva - e as duas caixas de esmolas, ainda hoje alvo de generosidade, permitem especular sobre função religiosa e social do edifício cuja capela está localizada no primeiro andar.
A casa - com outra frente para a Rua de Trás onde também funcionou um hospital - foi outrora hospital e mais tarde um albergue com capacidade para acolher, em total independência, oito pessoas em situação de fragilidade económica.
Aos dias hoje, para além dos quartos individuais, o edifício preserva intactos a cozinha com os fogões e armários de uso individual, um retrato da preocupação da confraria com as questões da autonomia e da dignidade.
Na frente virada para a Rua dos Caldeireiros, explica Massena, o objetivo é promover, a curto prazo, visitas marcadas ao espaço, como a que acontece este sábado.
As festividades, que pretendem cativar até os mais novos, arrancam pelas 15h00 com a atuação da Tuna Pitagórica da União Académica de Avintes. Segue-se a missa celebrada pelo presidente da confraria, Jardim Moreira, e atuação da maestrina Inês Soares e o seu coro.
A encerrar esta reabertura à cidade, uma visita pela estrutura funcional e de ligação aos pisos, onde será possível apreciar para além capela, alguns dos trajes de 1907.
No rés-do-chão, num outro espaço, com entrada pelo número 102, acontece em simultâneo uma degustação de produtos conventuais, antecipando a abertura, expectavelmente a partir de setembro, de um espaço comercial de promoção do património gastronómico dos conventos.
Pretende-se que este espaço seja ainda um local de tertúlia sobre estas matérias, mas também de rendimento, possibilitando não só o restauro de todo património imóvel e espólio da Confraria, como lançamento de bases para retomar a sua função social, eventualmente, se se vier a verificar ser possível, utilizando a parte do edifício voltado para a Rua de Trás, cujo rés-do-chão serve atualmente de armazém de um espaço comercial e o primeiro andar, alugado a um clube de futebol, está abandonado.
Pensa-se que as duas frentes, onde funcionaram à época dois hospitais, estavam ligadas por um pequeno pátio, tendo portas interiores de comunicação, hoje desaparecidas.