Anta e Guetim contra traçado “desproporcional" e "inaceitável” do TGV em Espinho

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Porto Canal/Agências

As freguesias de Anta e Espinho, em Espinho, revelaram-se esta segunda-feira contra a solução “desproporcional” e “inaceitável” da Infraestruturas de Portugal (IP) para o troço da Linha de Alta Velocidade (LAV ou TGV) nesse concelho do distrito de Aveiro.

Para a junta dessa União de Freguesias, há vários argumentos contra os dois traçados sugeridos pela IP para o percurso ferroviário que pretende ligar Porto e Lisboa em 75 minutos.

“A Junta enviou um documento de avaliação e pronúncia em que mostrou o seu profundo descontentamento e discordância quanto às soluções propostas”, diz em comunicado o presidente desse órgão, Nuno Almeida, classificando como “inaceitável o esforço que ambos os traçados exigem à população do seu território, já atravessado por duas autoestradas – a A29 e a A41 – que lhe trouxeram uma diminuição da área útil nas últimas décadas”.

O autarca realça, aliás, que “não se compreende a decisão de o traçado se desviar para o litoral, até Anta e Guetim, quando a nascente existem corredores livres de construções e atividades económicas”. Desse desvio resulta assim que o percurso da LAV proposto pela IP “afeta significativa e desproporcionalmente esta região em comparação com as restantes”.

Nuno Almeida aponta, contudo, outros “fortes impactos negativos” aos cursos desenhados pela IP, sobretudo a nível ambiental. Entre esses inclui-se: a destruição do habitat natural do Parque da Picadela, “conhecido e catalogado pela sua rica diversidade de flora e fauna, com espécies únicas”; o comprometimento da preservação das ribeiras do Mocho e da Gaiteira, a primeira das quais sujeita a projetos de conservação com a Agência Portuguesa do Ambiente; a alteração da qualidade do solo, em território onde “ainda existe muita agricultura de subsistência”; e a perturbação acústica e vibratória imposta pela empreitada e pelo posterior funcionamento do TGV.

Já do ponto de vista social, o presidente da Junta de Anta e Guetim critica os traçados sugeridos pela IP pelo que implicam de “deslocação forçada”, “perda de habitação” e “destruição de património cultural e arqueológico”, uma vez que esses percursos “põem em causa o Largo e a Capela dos Altos Céus, assim como o histórico marco da Picadela e a mitológica ‘Pedra do Gato’, cuja destruição representaria uma perda irreparável para a identidade local”.

A passagem junto ao Centro Escolar de Anta também preocupa a Junta de Freguesia, assim como “os fortes efeitos negativos da obra na economia da maior freguesia do município de Espinho”.

Essas preocupações devem-se ao facto de a IP prever a passagem da LAV em “dois complexos desportivos e um pavilhão gimnodesportivo”, o que terá três consequências: irá desvalorizar os terrenos adjacentes à linha férrea, “desencorajar a implementação de projetos sociais e económicos que contribuiriam para o crescimento e prosperidade da freguesia” e afetar o planeamento estratégico da autarquia ao nível de acessibilidades e expansão empresarial.

Por esses motivos, Nuno Almeida apela a que as entidades competentes revejam e reavaliem as propostas de traçado da LAV, “procurando alternativas que respeitem o ambiente, a comunidade local e os princípios do desenvolvimento sustentável”.

A consulta pública ao traçado ferroviário da linha de alta velocidade Porto – Aveiro, hoje consultada pela Lusa, encerrou com 822 participações e gerou críticas de autarquias atravessadas pelo percurso, sobretudo no distrito de Aveiro.

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