"Esquecida" zona da Lapa terá 24 fogos reabilitados para habitação acessível. Investimento ronda os três milhões de euros

"Esquecida" zona da Lapa terá 24 fogos reabilitados para habitação acessível. Investimento ronda os três milhões de euros
Foto: André Arantes | Porto Canal
| Porto
Fábio Lopes

Vinte e quatro fogos, atualmente devolutos, na histórica zona da Lapa, no Porto, serão alvo de uma reabilitação, com vista ao reforço da oferta de habitação acessível na cidade. A empreitada, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e da Câmara do Porto, representará um investimento de três milhões de euros. 

Os trabalhos irão desenrolar-se na Rua Senhora da Lapa, na Travessa Senhora da Lapa e na Rua da Glória, dando nova vida a um canto da Invicta que, embora, com localização privilegiada, “está esquecida pelos serviços camarários”, afirma quem aqui morou toda a sua vida. Os sinais do tempo não passam despercebidos e uma regeneração urbana é um desejo antigo, que poderá agora ganhar novo alento.

O Monte da Lapa forma um dos antigos “bairros operários” da cidade, que se desenvolveram com a industrialização desta zona no início do séc. XX e que ainda hoje subsistem, com casas degradadas e com um obsoletismo a que os moradores querem pôr fim.

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No que diz respeito à Rua Senhora da Lapa (32 a 60), a intervenção da autarquia portuense irá avançar em cinco prédios, a que correspondem 14 fogos, com tipologia entre T1 e T4. Neste momento estão a ser preparadas condições técnicas para lançamento de concurso público, sendo que o investimento estimado é de 1,7 milhões de euros.

No mesmo arruamento (84 e 96 a 100), o investimento ao abrigo do PRR prevê ainda a reabilitação de mais imóveis, no rés do chão e 1.º andar, que se encontram em mau estado de conservação. Estão a ser ultimados os projetos de especialidade, estando já concluído o projeto de arquitetura.

Na Travessa Senhora da Lapa (16 a 22 e 37 a 39), a Câmara do Porto será responsável pela reabilitação de cinco fogos, com tipologias de T1 e T2, representando um investimento de 627 mil euros. Já na Rua da Glória (71, 77), a autarquia irá recuperar dois fogos, 1 T1 e 1 T2, com um custo associado de 390 mil euros.

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“Promessas há muitas, mas não se vê concretização”

Em tom melancólico, José Silva, nascido e criado na “boa zona da Lapa” realça que “isto já devia era ter sido feito há bastante tempo, mas, de qualquer maneira, há sempre tempo para se melhorar”. O proprietário do restaurante “Adega da Lapa” deixa ainda críticas à Câmara do Porto por ter deixado ao abandono esta zona “repleta de casas devolutas”.
“Mesmo pessoal que vem de fora não tem condições, nem lhes dão condições e depois isto cada vez fica mais degradado”, acrescenta o portuense “de gema”, sublinhando que “promessas há muitas, mas não se vê concretização”.

José Silva sustenta que “aquilo que é particular são já casas com valores muito grandes e o pobre, o remediado, não pode pagar 700 euros por um apartamento pequeno, que estamos aqui há beira deles. Bem precisamos que a Câmara faça alguma coisa pela boa zona da Lapa”, conclui.

A desconfiança impera entre os moradores e escassos metros mais à frente, Márcio Mesquita junta-se ao coro de insatisfação e atira: “Esta zona está um pouco esquecida agora está tudo virada para os hostel’s e para os turistas. O povo portuense está a perder a essência”.

“Isto está um descalabro”

Também Paula Almeida, moradora na Travessa da Lapa, deixa o seu diagnóstico e diz que esta poderá ser uma boa ajuda, uma vez que “o custo de vida está muito mau e aqui está um descalabro”.

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O mercado habitacional em Portugal está há largos anos em ebulição, alimentado por uma subida contínua dos preços das casas, das rendas e pelo aumento das taxas de juro, sendo que, desde 2017, o preço de venda das habitações sobe a um ritmo médio de 9,7% por ano.

Para contornar as dificuldades sentidas, a Câmara do Porto tem em andamento iniciativas para atrair o investimento privado no aumento da oferta da habitação para renda acessível, nomeadamente o Porto Solidário.

Este programa de apoio à renda e prestação bancária é destinado a famílias que se encontram em situação de emergência habitacional. Só no ano de 2023 está prevista a atribuição 2,65 milhões de euros.

 
 
 
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