PS e ex-CEO da TAP combinaram perguntas e respostas antes da audição
Porto Canal
O grupo parlamentar do PS e a antiga presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, combinaram as perguntas e respostas para a sua audição no Parlamento.
A notícia é avançada esta quinta-feira pela SIC, que revela as mensagens trocadas entre o ministro das Infraestruturas e o seu adjunto, Frederico Pinheiro, que coordenou a reunião.
Nas correspondências trocadas, confirma-se que João Galamba autorizou dois antes da audição no Parlamento que a ex-CEO da TAP participasse na reunião com o grupo parlamentar do PS.
“A TAP quer participar amanhã na reunião com o GPPS [Grupo Parlamentar do Partido Socialista], pode ser?”, perguntou Frederico Pinheiro, que coordenou também a reunião secreta com a antiga presidente da TAP, ao que Galamba respondeu: “Pode”.
As perguntas a fazer pelo deputado Carlos Pereira, bem como as respetivas respostas, foram assim combinadas na reunião secreta entre PS e Christine Ourmiéres-Widener a 17 de janeiro.
Segundo a SIC, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP recebeu as notas de Frederico Pinheiro, que conteriam os tópicos e as perguntas que o deputado Carlos Pereira - que entretanto se afastou da CPI - deveria fazer à CEO na reunião preparatória.
Estas são as perguntas que Carlos Pereira faria a Widener, de acordo com a SIC.
Que razões levaram à saída de Alexandra Reis?
Que funções tinha?
Esteve envolvida nos processos de reestruturação, nomeadamente salários?
A relação entre o CEO da TAP e a legalidade de indemnização
Contratação da SRS porquê? Já trabalhava para a TAP?
O departamento jurídico acompanhou? Fez algum alerta?
Comunicação entre chairman e CEO?
Segundo a mesma fonte, estas são as respostas “combinadas” da ex-CEO da comanhia aérea:
Sobre as razões da saída da Alexandra Reis: há divergências sobre a implementação do Plano de Reestruturação. Tem de haver um alinhamento de posições.
Não há nada pessoal, isso é chocante até pensarem nisso.
Sobre comunicação com Governo, enviámos tudo para IGF [Inspeção-Geral das Finanças], comunicações escritas entre mim e o Governo.
Enviei comunicações para HM [Hugo Mendes – antigo secretário de Estado de Pedro Nuno Santos].
A Sociedade Rebelo de Sousa já estava a trabalhar com a TAP.
Chairman esteve sempre envolvido e disse-me que falou com o Governo. Ele assinou o documento.
O Departamento jurídico TAP não acompanhou as negociações.
Não podíamos ter feito isto sem o ok do acionista, deixaram de fora os advogados TAP por causa dos conflitos de interesse e confidencialidade.
Questionado pela SIC, o ministério de João Galamba reagiu a estas revelações salientando que "foi a TAP que quis participar" na reunião preparatória da bancada parlamentar do PS.