Novo parque urbano no centro do Porto vai ter 17.000m2, um lago de inverno e ligação ao metro
Francisco Graça
Há um novo parque urbano a ser, literalmente, plantado no centro do Porto. Fica na zona da Lapa, por trás da estação de metro com o mesmo nome, e vai ter 17.000 metros quadros. Os terrenos, sem construção ou desenvolvimento há décadas, foram adquiridos pelo grupo canadiano Mercan Properties.
O futuro Parque Urbano da Lapa, público e gratuito, vai ser construído por fases. A primeira arranca já no início do mês de maio, e vai demorar 12 meses até estar terminada. 14.500 metros quadrados de terrenos abandonados nas traseiras do morro da Lapa foram desmatados e começam agora a ser terraplanados.
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Há dois braços de uma ribeira subterrânea – a Ribeira de Vilar – que passa encanada pela Rua de Cervantes. O novo projeto urbanístico vai puxá-la para a superfície, permitindo ao espaço verde servir de esponja durante o inverno, evitado inundações e servindo de barragem de proteção para as zonas ribeirinhas da cidade. Durante os períodos de chuva mais prolongada, é provável que apareça um espelho de água na Lapa, à semelhança de um lago.
Além da plantação de várias espécies de árvores, o parque vai ter um “percurso lúdico” e um “percurso pedonal”.
A segunda fase de construção do parque, de mais 2.500 metros quadrados, deve iniciar-se apenas em 2025. Está planeada uma cafetaria de apoio aos visitantes.
Uma parceria “virtuosa” entre público e privado
O Parque Urbano da Lapa está a ser construído pelo grupo Mercan, num acordo com a Câmara do Porto que envolve o novo Hotel Renaissance na Lapa, marca do conglomerado de luxo Marriott, inaugurado a 17 de abril deste ano.
Os terrenos da Lapa foram objeto de um estudo urbanístico em 2019, que definiu a área do futuro parque e a obrigação do espaço público. Em troca de desconto em taxas municipais, o grupo hoteleiro ficou responsável por fazer a obra verde e ainda por reabilitar e expandir os arruamentos das vizinhas Rua de Cervantes e Alves Redol.
“Ou pagavam taxas ou fazia obras”, explica o vereador do Urbanismo e Espaços Públicos, Pedro Baganha. “Foi o alinhamento dos interesses públicos aos interesses privados. A Câmara do Porto definiu quanto, aonde e o quê. E o promotor privado concordou e fez o parque. Desta forma conseguimos acelerar o processo, senão estaríamos dois anos à espera de concursos, outros tantos à espera de empreiteiro”.
O Renaissance Porto Lapa Hotel
O mais recente hotel de quatro estrelas da Lapa também está a ser construído por fases. O primeiro edifício, na Rua de Cervantes, já está em funcionamento. Tem 163 quartos, quatro suites, uma piscina no último piso, ginásio e um espaço de conferências para 600 pessoas. A segunda fase de construção, que envolve um segundo edifício ligado por pontes, arranca em paralelo com as obras do parque urbano. No total, o grupo Mercan vai investir na Lapa 90,5 milhões de euros.
Esquema do futuro Parque Urbano da Lapa, desenhado pela Câmara Municipal do Porto. Terrenos foram cedidos pelo grupo que detém o Hotel Renaissance
“Nós compramos os terrenos todos e depois cedemos três mil metros quadrados para arruamentos e mais 14.500 para o parque público”, descreve Miguel Gomes, o diretor da Mercan responsável por construção e desenvolvimento. “O acordo que fizemos com a Câmara do Porto era interessante para eles e para nós. O projeto urbanístico do parque já estava feito, nós simplesmente é que o estamos a executar”.
O terreno da Lapa por trás da estação de metro era um “segredo” na cidade, detalha Miguel Gomes. “Umas traseiras mesmo”, reforça Pedro Baganha. “Estamos aqui a coser várias ruas e vários terrenos sem ligação. Estamos a fazer a cidade”.
Está a ser construída também uma ligação direta entre o Parque Urbano e a estação de metro da Lapa. Atualmente, a entrada norte compreende apenas uma estrada de terra batida.