Parques de eólicas offshore. “Muitas empresas do setor das pescas terão de encerrar”
Joana Almeida Carvalho
Existem cinco novas possíveis áreas de exploração de energias renováveis no mar: Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira e Sines. O projeto com as propostas está em consulta pública, mas as associações de pescadores criticam projetos que vão afastar a fauna marinha.
No total, serão 3.393,44 km2 de espaço marítimo nacional que ficarão ocupados pelos parques de eólicas de offshore. É uma área equivalente a 320 mil campos de futebol.
Contactada pelo Porto Canal, a Associação de Armadores de Pesca Do Norte diz que é “com enorme surpresa” que os profissionais do setor têm reagido à implementação destes parques: “Não esperariam que decisões deste tipo, com enorme impacto sobre a atividade da pesca, pudessem ser tomadas sem que previamente fossem ouvidos sobre o assunto”, disse o presidente da direção.
Segundo Manuel Marques, dado o número de parques e a extensão de cada um deles, “muitas empresas da pesca verão ser posta em causa a sua atividade e terão de encerrar”, relembrando que muitas dessas empresas são familiares e que “é extraordinariamente difícil a reconversão destes profissionais para outras atividades”.
De relembrar que já existe em Portugal um parque de eólicas offshore que fica situado em Viana do Castelo. De acordo com AAPN, a implantação desse mesmo parque “afetou sobremaneira a atividade de muitas embarcações de pesca” que “passaram a exercer a atividade noutras zonas”.
O responsável reitera que a escolha dos locais para estes parques “não teve minimamente em conta a atividade da pesca”.
Ministério destaca importância da descarbonização
Já o Ministério da Agricultura e da Alimentação explicou ao Porto Canal que, para já, as propostas encontram-se em consulta pública e que “a proposta preliminar de espacialização das áreas preferenciais teve por base o mapeamento de um conjunto de critérios alargado cuja análise espacial conduziu à seleção preliminar das áreas propostas”.
A instalação destes novos parques de eólicas surge no seguimento do compromisso assumido pelo Governo no âmbito da descarbonização da economia e da aceleração da transição energética e climática, com o objetivo de reduzir as emissões e promover o crescimento das energias renováveis.
As propostas vão estar em consulta pública até ao dia 10 de março.