Desde 1982 que a Associação Académica da Universidade do Minho não era liderada por uma mulher. Em 2023, o cenário altera-se finalmente. Margarida Isaías, estudante do sexto ano do curso de Medicina tomou posse no início de janeiro como presidente da estrutura.

Em entrevista ao Porto Canal, a recém-empossada presidente da AAUMinho, explica que só na altura das eleições se apercebeu de que há mais de 40 anos não havia mulheres na presidência. Para Margarida Isaías “é uma responsabilidade acrescida”, mas “é algo que é muito positivo” e sobretudo natural.

“Cada vez mais vemos mulheres em cargos de poder e era apenas natural que a Associação Académica seguisse essa tendência”, explica a presidente da AAUMinho, que espera que “daqui a uns anos ser homem ou mulher não seja motivo de discussão”.

AAUMinho preocupada com “consequências da inflação no ensino superior”

Entre as prioridades para o mandato, Margarida Isaías destaca a preocupação com as consequências da inflação “no acesso e na frequência ao ensino superior”.

Além disso, a revisão do modelo de financiamento das universidades é outro dos temas que irá merecer a atenção da AAUMinho em 2023, uma vez que “a Universidade do Minho é umas das instituições que é subfinanciada, algo que afeta e muito os estudantes”, afirma a presidente da estrutura.

Contexto económico vai aumentar número de bolseiros, afirma presidente da AAUMinho

A falta de camas para os estudantes do ensino superior também preocupa Margarida Isaías. Apesar da aprovação do concurso público para a construção de uma residência universitária na antiga Fábrica Confiança, em Braga, a Associação Académica da Universidade do Minho diz que é muito possível que a procura de alojamento também aumente significativamente nos próximos anos, fazendo com que o reforço não seja suficiente.

^{Antiga fábrica de sabonetes será transformada numa residência universitária com sete andares}

“Atualmente todos os estudantes bolseiros têm lugares nas residências, mas estes números acabam por ser um bocadinho enganatórios, porque a qualidade das residências não é assim tão boa e haverá alguns estudantes que não concorrem também por isso”, explica a dirigente.

Além disso, para a presidente da AAUMinho, “tendo em conta o contexto económico do país o número de estudantes bolseiros vai aumentar e isso indica que os estudantes que irão requerer residências irão também aumentar”.

Uma pausa na Medicina para defender os direitos dos estudantes

Na direção da Associação Académica da Universidade do Minho desde 2019, Margarida Isaías concilia o associativismo com o mestrado em Medicina.

Atualmente está no sexto ano, mas já sabe que “será difícil frequentar o estágio”, pelo que o sonho de se tornar médica terá que ser, para já, adiado.

Apesar disso, a dirigente afirma ter a certeza de que “não será tempo perdido” e diz-se empenhada na defesa dos direitos dos estudantes do ensino superior.

^{Presidência da Associação Académica da Universidade do Minho para o mandato 2023}